domingo, 19 de abril de 2015

Soturno - Parte I

E pensei, porque não?

Comecei o ritual, banho, pensar no que vestir, e traçar uma rota de como chegar. Não fiquei pensando muito no fato em si.

Meu cotidiano ultimamente se resume ao trabalho e aos estudos. Há algum tempo que não saio com os amigos, que andam igualmente ocupados, então achei que seria uma boa oportunidade pra fazer algo diferente.

Terminei, pronto. Chamei o taxi e escolhi o perfume. O taxi chegou. Entrei, dei boa noite e as direções. Sem mais.

Cheguei, parei um pouco antes para tomar fôlego. Entrei em um bar de esquina, pedi uma agua e sentei onde podia avistar a entrada e o clima da night. Pouco a pouco as pessoas começaram a aparecer. Como sempre cheguei cedo demais.

Rostos ligeiramente reconhecidos, outros nem tanto e de alguns juro que me escondi. Dei mais alguns minutos, respirei e me encaminhei para a porta. Sem fila. subi a escadaria que dava ate a bilheteria, a partir daí nada se escutava. Entrei.

Escuro.





Enfim uma porta para um ambiente. E me deparo com uma cortina de PVC, no estilo matadouro. E era.

Não demorou muito para as luzes ofuscarem a minha vista, logo após passar pela cortina, e o som no ultimo volume quase estourar meu tímpano. Estava sozinho, meio deslocado preferi ir direto pro bar tomar alguma coisa para relaxar. Peguei uma cerveja e parei de frente a pista, ainda com poucas pessoas, para estudar a situação. Quanto mais me movia, mais tinha certeza que eu estava sendo alvejado de olhares..

A cada musica, a já esperada reação. E comecei a me sentir mais tranquilo. A musica tava boa, as pessoas nem tão esquisitas assim.. e a minha bebida tava acabando!

Algumas trocas de olhares com uns caras que passavam e o máximo que tinha conseguido era uma piscada. Continuei com a minha estratégia de ficar de canto observando. Saí para dar uma volta pela boate e passando pelo meio do povo senti uma um agarrão no meu braço. Gelei. Virei-me para ver quem era e dei de cara com rapaz, que pra minha surpresa, pediu desculpas. Havia me confundido com um amigo. Acontece.

Pedi outra cerveja, e ao começar a beber percebi, no meio da pista, um olhar direto e reto pra mim. De primeira desviei o olhar, fingi que não entendi, dei outra golada. Cada vez mais próximo o olhar e mais direta a intenção ficava. A cerveja acabou novamente.

Quando me volto para a pista e busco aquele olhar, não vejo mais. Forço a vista para tentar identificar entre tantas luzes coloridas aquele olhar. E nada.. Bem, deve ter sido impressão minha. Nesse momento Divas são ovacionadas de formas mais inusitadas que eu já presenciei. Comecei a me divertir vendo tanta adoração e dedicação à Deusas. Um fascínio! E sem alarde percebo uma presença ao meu lado.

Era o olhar. Passou a dançar ao meu lado e um momento ou outro nossos corpos se tocavam até que nos olhamos fixamente, melhor, ele olhou, eu olhava e desviava. E ele sorriu, um sorriso simpático, autêntico, sem forçar a barra e eu sorri de volta, voltei correndo para o meu querido e seguro balcão do bar e dali jurei que não sairia mais. Ele se aproximou mais e pelo som alto que impedia qualquer diálogo a menos que você depositasse sua mensagem aos berros a menos de 5mm de distância do tímpano, com a mão em meu ombro, ele se apresentou e foi então que o sorriso ganhou uma voz.

O sorriso: Tudo bem? Primeira vez aqui?
Eu: Sim, é sim!
O Sorriso: Está só?
Eu: Ehh .. sim! (meio incerto)
O sorriso :  Tá fugindo do meu olhar porque? (E nesse momento senti um frio na espinha.)
Eu : Não...nada...é que....eu tava confuso com essas luzes e meio que acabava não te vendo... 
O sorriso : Que pena porque eu estava te vendo e faz tempo. Desde que você encostou no bar eu estou de olho em você, viu?
Eu : Sério...putz...é que... não me leve a mal...combinei com uma amiga ela já deve chegar e to meio que sossegado sabe.
O sorriso :  Tudo bem então...posso te fazer companhia enquanto ela não chega. Vamos tomar mais uma lá no bar da varanda?
Eu (já com as pernas trêmulas e completamente sem jeito) : Legal, vamos lá!

Caminhando em direção ao bar da varanda (eu na frente e ele atrás), fui passando pelo meio do povo que lotava a boate a essa hora. Naquele aperto de escorrega daqui, passa por ali, achei que eu o tinha perdido de vista mas nem olhei para trás e continuei no mesmo passo apressado. Senti um puxão no braço e quando me preparava para mandar aquele garoto para aquele lugar, dei de cara com ele, o sorriso. Só que desta vez não teve olhar ou sorriso : Ele me puxou, me trouxe para perto dele e me deu um beijo na boca. Não cheguei a tentar detê-lo. Deixei rolar. Nos beijamos no meio da pista, de certa forma a musica e as luzes ofuscaram lentamente, e quando o beijo terminou o tempo voltou a correr novamente.

Envolvidos pela música, fumaça, bebida, estávamos lá para o que desse e viesse e tocasse. Depois de uns minutos de beijos, o sorriso disse : A propósito, você beija muito bem, para logo depois abrir outro sorriso acompanhado de algumas risadas que demos juntos.
...

terça-feira, 31 de março de 2015

O tempo...

Com o tempo, você vai percebendo que

Para ser feliz com uma outra pessoa:

Você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquela pessoa que você ama

(ou acha que ama) e que não quer nada com você,

Definitivamente, não é a pessoa da sua vida.

Você aprende a gostar de você,

a cuidar de você e, principalmente,

a gostar de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas...

é cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem

Você estava procurando,

Mas quem estava procurando por você!

sábado, 28 de março de 2015

Qual a diferença?

Pra você, qual é a diferença entre a biblioteca virtual, digital e eletrônica?

Se eu fosse responder, seria mais ou menos assim:

  • Digital = software
  • Virtual = nuvem
  • Eletrônica = e-reader

E pra você? Qual é a diferença?

quarta-feira, 25 de março de 2015

O conhecimento na ponta dos dedos

Já se deu conta de quantas vezes você tentou explicar algo ou alguma coisa para alguém mas a explicação não saía da forma que você queria, ou no mínimo decifrável para o seu interlocutor?

Porque isso acontece? E é mais comum do que você imagina! Não se subestime por isso, você só está sendo humano! 

No mundo existem alguns tipos de conhecimento, mas para explicar melhor porque você as vezes não consegue passar um conhecimento seu a alguém, vamos focar no conhecimento tácito e no conhecimento explicito.

Conhecimento tácito é aquele que adquirimos ao longo da vida, que está na nossa cabeça. Geralmente é difícil de ser formalizado ou explicado a outra pessoa, pois é subjetivo e inerente as habilidades de uma pessoa, como "know-how".  A palavra tácito vem do latim tacitus que significa "não expresso por palavras". 

Conhecimento explicito é aquele formal, claro, regrado, fácil de ser comunicado. Pode ser formalizado em textos, desenhos, diagramas, etc. assim como guardado em bases de dados ou publicações. A palavra explicito vem do latim explicitus que significa "formal, explicado, declarado".

Podemos dizer que todos nós possuímos conhecimento tácito, mas é difícil de explicá-lo e isto se deve a como o adquirimos, através de nossa experiência de vida, com o passar dos anos, ou seja, é um conhecimento intrínseco. A melhor forma de transmiti-lo é através da sociabilidade, das interações que fazemos, seja oralmente ou no contato direto com as pessoas. Já quando falamos de conhecimento explicito, geralmente ele está registrado em artigos, revistas, livros e documentos. Podemos até mesmo dizer que este tipo de conhecimento é confundido com a própria informação, na sua forma mais simples.

Dadas as definições,  vamos tratar de explicar o porque raios é tão difícil fazer alguém entender o que está na nossa mente.

Se pudéssemos tirar um HD da nossa memória e simplesmente passar o nosso conhecimento tácito para o outro seria uma maravilha, mas não é. Inevitavelmente precisamos passar pelo processo de explicitação do nosso conhecimento. E como as relações não são fáceis, o entendimento de mundo do outro é completamente diferente do seu, fazer ele entender exatamente o que você sabe é uma árdua missão. 

Inúmeras vezes ouvimos que "os funcionários são o maior ativo da empresa"? Isto é uma verdade, pois os funcionários são os que detém o tal conhecimento tácito, que são os conceitos, ideias, relacionamentos, enfim o conhecimento da empresa, de seus processos e produtos dentro de suas mentes. E como fazer que esse conhecimento “saber como” ( knowing how ) se transforme em “saber que” ( knowing that )  de maneira mais fácil? Segundo o Filósofo Michael Polany, "Sabemos mais do que podemos expressar", transformar conhecimento tácito em conhecimento explicito é o desafio do milênio. Com a tendência de cada dia mais e mais concentrarmos o conhecimento em um indivíduo, devido a grande trama de quanto mais específico melhor. Realizar essa transição não é nada fácil.

E pra você? já aconteceu essa dificuldade alguma vez em sua vida? E como você saiu dessa? Ou deixou pra lá? Vamos lá, me conte aí!

segunda-feira, 23 de março de 2015

Um dia

Um dia será assim.
Farei o que eu gosto.
Terei o que eu quero.
Realizarei o que eu sonho.
Irei aonde eu quero ir.
Sentirei o que eu quero sentir

Quem sabe se um dia.
Quando fizer o que eu gosto.
Quando tiver o que eu quero.
Quando realizar o que eu sonho.
Quando for aonde eu quero ir.
Sentirei o que eu quero sentir

Um dia foi assim.
Fiz o que eu gostava.
Tive o que eu queria.
Realizei o que eu sonhava.
Fui aonde eu queria ir.
Senti o que eu queria sentir?

quinta-feira, 12 de março de 2015

Porque ser bibliotecário?

Acho que desde pequeno  sempre fui muito curioso. Sempre gostei de ficar sabendo de tudo, de todos os assuntos. Me irritava se eu ouvisse alguém conversando sobre algo que eu não entendia. Logo me metia na internet para pesquisar.

Sim, tive internet muito cedo, em 1995, assim como a TV a cabo, o que de certa forma só piorou a situação. Pois se antes eu ignorava alguns assuntos, agora não mais... Um desejo estranho de saber tudo.

Isso se reflete na minha vida adulta, aonde inicialmente fui buscar minha formação em línguas, ciente que quanto mais melhor.. E hoje são cinco. Nem todas na ponta da língua... Mas não passo fome nem frio em nenhuma delas! É o que importa! Após isso, ficou mais fácil absorver diferentes conhecimentos  oriundos de outros idiomas.. É, nem tudo é traduzido. E entender o que outras sociedades pensam e fazem sem precisar de um intérprete, é a melhor forma de conhece-la.

Finalmente percebi que havia uma carreira que buscava a mesma coisa que eu. Por a ordem ao caos nesse mar de informação. Que para muitos, por si só não tem sentido algum, mas quando organizados passam a ter valor e agregar para a tomada de decisão.

É isso que eu quero. Entender de tudo e organizadamente colocar minhas idéias no lugar!

Foi assim que eu descobri a biblioteconomia! A ciência das ciências... A mantenedora da ordem no caos. A ciência que de tudo entende. Mesmo que superficialmente.. Hehehe mas tá valendo!

Pensando assim, quis me tornar bibliotecário, além disso, me tornar um profissional da informação! E acredito que desempenho meu papel neste universo bem.

Criar pontes de conhecimento, dar sentido a um dado e transformá-lo em Informação!

Simplesmente faço isso seguindo cinco regras básicas que levo pra vida:

✔Os livros são escritos para serem lidos
Frescura quem tem medo que o livro se estrague com o uso.. Quanto mais "avarias de leitura" melhor!

✔Todo usuário tem o seu livro
Sempre haverá a informação certa para a busca do usuário. Quase feita pra ele.

✔Todo livro tem seu usuário
Toda informação tem seu valor. Em algum momento ela será usada!

✔Poupe o tempo do usuário
Vamos poupar nosso tempo facilitando a vida do usuário.

✔Uma biblioteca é um organismo em crescimento
Seu repositório é um ser vivo e precisa de espaço e cuidados! Cuide dele como se fosse de você, afinal sem você serão só livros na estante, arquivos nas gavetas, bytes no HD!

#Diadobibliotecario

terça-feira, 3 de março de 2015

Rio e seu carma #Rio450

Como uma prefeitura de uma cidade, que completa 450 anos, consegue em pleno séc. XXI deixar que o MUSEU HISTÓRICO DA CIDADE esteja fechado e abandonado desde 2009 e com obras paradas desde 2011.

É e mesma cidade que vai realizar o maior evento esportivo do mundo... É a mesma que permite que as tarifas de locomoção subam duas vezes ao ano... É a cidade que o prefeito se acha tão comum que acha que o cidadão agirá assim com o mesmo descaso como ele em algumas situações e nem ligue, pois somos cariocas e o que vale é torcer para a Portela no CARNAVAL. Sim a figura publica aqui tem seu lado pessoal muito aflorado! Bom ou ruim? PÉSSIMO!

RIO e seus 450 anos de majestade no imaginário internacional, no medo de conhecer a cidade dos patrícios devido a mídia só mostrar o Rio, porque é só o que importa, né?! Para que mostrar a violência em Caraguacetuba (SIC) hehehehe mostra o espirro do artista no calçadão do leblon que dá cliques... A moda que sobe o morro dita tendência... Aqui um assalto ganha trama de novela das 9.

Mas fazer o quê? É o carma de uma cidade sitiada entre as maravilhas naturais e a desordem urbana... Ser do Rio é mais difícil do que se imagina. Ser do Rio é carregar consigo a dicotomia carioca... Na teoria todos são simpáticos, mas vai perguntar o que o carioca achou da copa? Principalmente a aqueles que pegavam metrô diariamente.. Ô perrengue!  "chi chi chi le le le" ahhhhhrrgg que saco!

Afinal, vivemos na beleza do caos!

RIO EU TE AMO...

P.S.: Ai de quem tentar falar mal da minha cidade... Só vou pedir para que ela conte quantas vezes o Rio foi citado na TV em relação a cidade dela.. Humpft....

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O Instagram e o espelho.

Instagram é uma rede social online de compartilhamento de foto e vídeo que permite aos seus usuários tirar fotos e vídeos, aplicar filtros digitais e compartilhá-los em uma variedade de serviços de redes sociais, como Facebook, Twitter, Tumblr e Flickr.

"Selfie", ou em bom e claro português "auto retrato", pode ser a palavra do ano, mas para certas pessoas isso pode levar a uma situação de risco, tirar selfies compulsivamente pode ser uma prática perigosa.

Parece que algumas pessoas simplesmente não conseguem parar de girar a câmera em sua direção para logo postar essa foto no instagram. Parece simples, mas agora os psicólogos dizem que tirar selfies demais pode se transformar em um vício para pessoas já afetadas por certos distúrbios psicológicos.

"Este é um problema grave. Não é uma questão de vaidade. É uma questão de saúde mental. E gera um distúrbio que tem uma elevadíssima taxa de suicídio. " dizem os psicólogos.

O vício de Selfie pode não ser tão surpreendente, pois a dependência de mídias sociais (MS), como o Facebook, tem sido bastante repercutida. Os pesquisadores ainda desenvolveram uma escala psicológica com base em seis critérios básicos para medir o risco para vício em MS. O estudo que desenvolveu a escala supracitada descobriu também aspectos comuns entre os sintomas do vício a MS e o uso de drogas e álcool. Todos os itens da escala são analisados pela escala Likert.

Pesquisadores da Universidade de Michigan em Ann Arbor concluiram em 2013 que os adultos de meia-idade e universitários tendem a um grau mais elevado para certos traços narcisistas com mais posts e grande frequência em sites de MS, como Instagram, Facebook e Twitter.

Com a tecnologia cada vez mais moderna e acessível, o vício pode realmente ser muito grave. Será que esse tipo de coisa pode acontecer com qualquer um? Ou ao postar uma selfie você só quer construir seu "eu" perante a visão do outro?

Recomendo a leitura de dois textos, pequenos, mas valiosos:

"O espelho" de Machado de Assis

E em

"O espelho" de Guimarães Rosa.

Em "O espelho" de M.A., a personagem principal toma as rédeas da narração e explica, valendo-se do exemplo de um episódio de sua própria vida, sua ambiciosa teoria a respeito das "duas almas". O pragmatismo autoritário da narração serve, entretanto, para comprovar uma perspectiva monista: a "alma exterior" termina absorvendo a "alma interior", de modo que a identidade do sujeito depende totalmente do "olhar que vem de fora". Assim, nós seríamos identificáveis apenas por meio daquilo que exteriorizamos. Através desta perspectiva funcionalista, a alma funde a si mesma com o status do indivíduo, e a interioridade do sujeito se expressa tão somente por meio de uma vaga acidez crítica, na qual se ancora a frágil consciência irônica.

Já em " O Espelho" de G.R., o conto não tem interesse em demostrar quem é a personagem com a finalidade de evidenciar que o homem retratado no conto é simplesmente um homem qualquer que acaba tendo uma crise de identidade, e por mais árduo que o homem procurasse sua identidade ele nunca achava. Toda essa destruição da individualidade confirma a ideia de Alberto Caeiro, de que precisamos ir além de qualquer aparência para chegar no nada e esse nada é a real identidade.

Vimos anteriormente que a construção desta identidade se dá através do olhar do outro. Para M.A., todo ser humano contem 2 almas, “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” (ASSIS, 1994, p.26), e imagine VC qual é a mais fácil de lidar?

Por razões obvias, o homem sempre irá se voltar a olhar a alma exterior pois é a mais fácil, mais feliz e não tem que se deparar com questões importantes da vida. Construir sua imagem através do olhar do outro é mais confortável.

Mas mais fácil mesmo é postar uma foto no insta, aguardar uns minutos e sucumbir a construção de sua alma. Like a like.

Mas para não perder a viagem... @lsferraz
#Trocolikes #sdv #likenastresultimas

sábado, 28 de abril de 2012

Tecnologia, sim ela precisa de nós!



Por mais que a tecnologia venha dominando várias áreas de trabalho, algumas profissões convivem em total sintonia com as novidades que surgem a cada dia. É o caso de quem cursa Biblioteconomia ou Arquivologia. 


Longe de simplesmente organizar bibliotecas ou catalogar documentos, as duas profissões têm inúmeras atividades, ainda mais nesta era digital, onde se tornou necessário a criação e a implantação de bancos de dados.


Segundo o professor Paulo Estrela, diretor da Academia do Concurso, O mercado existe e vem ficando cada vez mais amplo, já que o volume de documentos vêm ficando cada vez maior, menos físico e mais eletrônico.


"A biblioteca sempre existirá, ainda que eletrônica, e as regras e técnicas deverão ser respeitadas" , lembra o educador.


De acordo com Estrela, bibliotecários e arquivistas continuarão existindo, e com um campo cada vez mais amplo. "Não vejo a possibilidade destas duas carreiras serem extintas. Estamos apenas mudando o meio e a forma, já que os arquivos são fundamentais. As gestões de biblioteca e de arquivo não deixarão de ser exercidas nas empresas, pelo contrario ficarão cada vez mais importante com o crescimento da organização. A mudança será da forma física para a digital", garante.


Na avaliação do especialista, a carreira pública vem atraindo profissionais dos dois setores, pelo volume de material que é produzido. Como exemplo, cita a Justiça. " O poder judiciário trabalha intensivamente com um grande numero de documentos exigindo facilidade e rapidez no manuseio. Isto só é feito por um profissional desta área", destaca.


Ana Lúcia Coelho, 35 anos, trabalha há mais de 12 anos como blibliotecária em uma grande instituição. " Na época do vestibular muita gente achou que eu estava escolhendo a profissão errada. Hoje, tenho certeza de ter feito a escolha certa e gosto do que faço", conta.

Fonte: O Dia

EL ATENEO GRAND SPLENDID

O majestoso teatro histórico é agora uma das livrarias mais belas do mundo


Com cada encenação desde a sua criação em 1919 - primeiro como um teatro de artes, depois como um cinema e agora uma livraria - o ATENEO GRAND SPLENDID provou-se condizente com seu título majestoso. Depois de ter mantido os seus tetos com afrescos originais, camarotes ornamentados, elegantes varandas arredondadas, guarnições detalhadas e cortinas de veludo vermelhas do palco, o interior do edifício continua a ser tão impressionante hoje como quando foi concebido pelos arquitetos Peró e Torres Armengol. 

Em seus dias de glória, o Teatro Grand Splendid hospedou lendas do tango como Carlos Gardel, Francisco Canaro, Roberto Firpo, e Ignacio Corsini. O proprietário do edifício, Max Glucksman, foi uma figura importante no mundo do tango como dono da gravadora influente Nacional-Odeon. Em 1929, o teatro passou por sua primeira transformação para se tornar um cinema, com a tarefa de ser o primeiro em Buenos Aires apto a mostrar filmes sonoros. O amor que Glucksman tinha pelo tango se transportou para o cinema novo, com orquestração de tango ao vivo que acompanhava as projeções de filmes silenciosos. O arquiteto Fernando Manzone supervisionou a conversão mais recente do edifício para El Ateneo livraria e loja de música, ao som de AR $ 3 milhões. Pouco antes da locação do prédio para o Grupo Ilhsa em 2000, o Splendid Grande estava sob ameaça de demolição devido a uma economia pobre e grande recessão no país.



Embora alguns lamentem a perda de um cinema amado, é agora graças ao IlhsaGrupo - que possui 40 livrarias, incluindo a nau capitânia Grand Splendid - que os visitantes ainda podem deleitar-se com um monumento maravilhoso de uma época passada. Enquanto a seleção de livros em oferta é padrão da cadeia de lojas e principalmente em espanhol, bibliófilos vão encontrar um conjunto incrivelmente opulento de livros a ser motivo suficiente para valer a visita a El Ateneo Grande Splendid. Para elouquecer totalmente no esplendor, pode-se também desfrutar de um café e música ao piano ao vivo no palco muito importante onde as estrelas argentinas de tango, um dia já fizeram suas apresentações.






Serviço: 
1860 Ave. Santa Fe, Buenos Aires,Argentina
Seg.-Qui.: 9:00 –22:00; Qui.-Sab.: 9:00 – 24:00; Dom.: 12:00 - 22:00.





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quarta-feira, 25 de abril de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore (2011)

Tenha cuidado com os "filtros-bolha" online.



"Quando confrontado com uma lista de resultados do Google, o usuário médio (inclusive eu e você até que eu leia este artigo) tende a assumir que a lista é exaustiva. Não sabendo que não é ... é equivalente a não ter uma escolha. Dependendo da qualidade dos resultados da pesquisa, pode-se dizer que eu estou sendo alimentados lixo - porque eu não sei que tenho outras opções que o Google filtrou ". Aubrey Pek, comentando sobre Kim Zetter de "Algoritmos junk food" 

É o que reafirma Eli Pariser em sua palestra no TED. Sua trajetória começou logo após os ataques de 11 de setembro de 2001, Eli Pariser criou um site chamando a atenção para uma abordagem multilateral para combater o terrorismo. Nas semanas seguintes, mais de meio milhão de pessoas de 192 países assinaram seus posts, e Pariser inesperadamente tornou-se um organizador online de vez. Seu livro  The Filter Bubble  será lançado dia 12 de Maio deste ano. Neste livro, ele questiona como ferramentas modernas de pesquisa - o filtro através do qual muitos vêem o resto do mundo - estão ficando cada vez melhor e rastreando o resto do mundo a partir de nós, e trazendo como resultado apenas buscas onde os resultados são o que a maquina "pensa" que queremos ver.

Algumas citações da palestra de Eli Pariser:

"O Facebook estava observando em que links eu clicava , e foi percebendo que eu estava  clicando mais sobre os meus amigos liberais do que em meus amigos conservadores. E sem me consultar sobre isso, os retirou de minha visualização. Simplesmente eles desapareceram. "

"Em uma "broadcast society" haviam esses porteiros, os editores, e eles controlavam os fluxos de informação. Veio a Internet e junto ela varreu os porteiros do caminho, e permitiu que todos nós tivéssemos acesso a tudo, e foi incrível. Mas isso não é realmente o que está acontecendo agora."

"A Internet está nos mostrando o que ela pensa que nós queremos ver, mas não necessariamente o que precisamos ver."

"Sua filtro-bolha. é o seu próprio universo pessoal e informacional que você vive online. O que está em seu   filtro-bolha  depende de quem você é, e isso depende do que você faz. Mas você não decidir o que ver - e o mais importante, você não vê o que é editado ".

Assista a palestra já com legendas em português.







terça-feira, 17 de abril de 2012

Sense-Making: o novo paradigma da área de Ciência da Informação.


As abordagens alternativas e/ou estudos de usuários qualitativos que estão em voga atualmente são considerados o novo paradigma da Ciência da Informação. Este tipo de abordagem tem como foco principal o usuário da informação. Sobre as pesquisas qualitativas Cunha (1982, p. 17) comenta que: “estudos relacionados com o comportamento dos usuários de informação científica e tecnológica têm sido realizados com frequência cada vez maior nos últimos trinta anos”.

Autores como Brenda Dervin, Carol Kuhlthau, Robert Taylor e Choo discorrem em suas publicações sobre o aspecto subjetivo deste tipo de estudo e o comportamento do emprego da informação. Eles são muito citados na literatura de Ciência da Informação e estão sempre presentes nas publicações que falam sobre o novo paradigma da informação. No início da década de 1980 até os dias de hoje, comenta-se na temática de estudos de usuários sobre como os bibliotecários devem mudar a visão da sua profissão. Os conceitos sobre acesso à informação, sistemas de informação ainda são importantes, entretanto o que se percebe é que o tema sobre usuários da informação está tendo maior repercussão.

Bibliotecários e profissionais da área de Comunicação e Psicologia fazem parte de um grupo de pessoas que realizam pesquisas para: identificar os usuários dos sistemas de informação e conhecer suas necessidades e reações na busca da informação. No artigo intitulado Novos paradigmas e novos usuários de informação de Sueli Ferreira (1995), a autora fala da mudança da área de atuação do profissional da informação quando diz que: “[...] a ciência da informação [...] vem caminhando do paradigma do acervo para o paradigma da informação”. Logo, percebe-se que a linha de pesquisa sobre estudos de usuários está refletindo sobre esta nova abordagem.

Choo apresenta em seu livro três vertentes da pesquisa sobre necessidades e usos da informação e seus respectivos autores. Brenda Dervin e sua criação de significado, Carol Kuhlthau e as reações emocionais no processo de busca da informação e por final Robert Taylor e as dimensões situacionais do ambiente em que a informação é usada. Choo (2006, p.85) argumenta que: “cada perspectiva lança sua própria luz sobre as escolhas e ações nos principais estágios do comportamento do emprego da informação: necessidade; busca e uso da informação”.

Conforme Araújo (2009), a metodologia sense-making desenvolvida por Dervin é encontrada em:

Estudos sobre as necessidades, interesses e usos dos meios de comunicação, informação, sistemas de comunicação e mensagens de usuários, patrocinadores, público, pacientes, clientes e cidadãos. Essa abordagem considera a informação como sendo uma construção do sujeito, a partir de suas experiências sociais, culturais, políticas e econômicas. Nesse sentido, a informação é subjetiva e só se torna significativa no contexto no qual está inserida. (ARAÚJO, 2009, p. 60).

A metodologia sense-making elaborada por Dervin tem por finalidade estudar o comportamento informacional dos usuários, ou seja, compreender como os usuários atribuem sentido ao estado em que se encontram e como buscam a informação para sanar suas necessidades.

Dervin explica que o sense-making promove uma forma de pensar sobre a diversidade, complexidade e a incompletude, utilizando a metáfora de um ser humano atravessando pelo tempo e espaço caminhando com uma instrução parcial, encontrando lacunas, construindo pontes, avaliando achados e se movendo. (BAPTISTA; CUNHA, 2007, p. 175)

É importante destacar que a expressão sense-making é utilizada pela autora (DERVIN, 1983) em dois sentidos. Sense-making refere-se ao objeto de estudo, ao processo empírico por meio do qual os usuários de informação atribuem sentido às situações em que se encontram (às lacunas cognitivas, às necessidades de informação sentidas, ao engajamento no processo de busca da informação) e, também, às informações que encontram; que utilizam e das quais se apropriam. Mas sense-making também se refere à forma de estudar o comportamento informacional dos usuários, isto é, ao tipo de metodologia preparada para analisar os processos pelos quais os usuários atribuem sentido às situações em que se encontram e às informações que utilizam. Essa metodologia relaciona-se diretamente com o estabelecimento de categorias ou tipos ideais de situações, de parada de situação, de busca de informação e de uso da informação no contexto das descontinuidades do real encontradas pelos usuários no contexto de suas vivências e atuações.

A metodologia sense-making é amplamente utilizada no Brasil, principalmente na área de Ciência da Informação em estudos sobre as necessidades, interesses e usos dos meios de comunicação, informação, sistemas de comunicação e mensagens de usuários, patrocinadores, público, pacientes, clientes e cidadãos. Essa abordagem considera a informação como sendo uma construção do sujeito, a partir de suas experiências sociais, culturais, políticas e econômicas. Nesse sentido, a informação é subjetiva e só se torna significativa no contexto no qual está inserida.

O modelo de DERVIN é construído sobre o trinômio:

Situação-Lacuna-Uso

  • ·         A situação é o contexto tempo-espaço. O momento e a forma que surge a necessidade de certa informação.
  • ·         As lacunas são as paradas ou barreiras ao movimento que devem ser ultrapassadas por pontes cognitivas, ou questões que as pessoas têm (necessidades de informação) quando constroem sentido e se movem através do tempo e do espaço.
  • ·         O uso é o emprego dado ao conhecimento recém-adquirido, traduzido, na maioria dos estudos, como a informação útil.



 Figura 1 - Arte original da Metáfora Sense-Making da Dra. Dervins.

Podemos dizer que as pontes cognitivas são construídas através de organizadores prévios que são propostos como um recurso instrucional potencialmente facilitador da aprendizagem significativa, no sentido de servirem de pontes entre novos conhecimentos e aqueles já existentes na estrutura cognitiva do usuário. É muito difícil definir se um determinado material é ou não um organizador prévio, pois isso depende sempre da natureza do material de aprendizagem, do nível de desenvolvimento cognitivo do aprendiz e do seu grau de familiaridade prévia com a tarefa de aprendizagem. Neste momento o profissional da informação se torna essencial para fomentar e recuperar estes materiais de acordo com o perfil do usuário. Digamos que o papel do bibliotecário nesta “construção” é fornecer o cimento para que o “construtor” usuário adicione os blocos de conhecimento adquiridos através de ideias, pensamentos, memórias e intuições estabelecidas pelo mesmo.

O modelo do Sense-making reconhece que a busca de informação envolve um processo cognitivo interno, compreendendo não só aspectos intelectuais, mas emocionais (atitudes, reações em face do meio social). Ele vê a informação como subjetiva, situacional, holística e cognitiva: em resumo, construtivista. O usuário, por sua vez, é visto não como um receptor passivo de informações, mas como um centro ativo (MORRIS 1994).






Referências


ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila; PEREIRA, Giselle Alves; FERNANDES, Janaína Rozário. A contribuição de B. Dervin para a Ciência da Informação no Brasil. Encontros Bibli:Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, v. 14, n.28, p. 57-72, 2009.

BAPTISTA, Sofia Galvão; CUNHA, Murilo Bastos da. Estudo de usuários: visão global dos métodos de coleta de dados. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12,n. 2, p. 168-184, maio/ago. 2007.

CUNHA, Murilo Bastos da. Metodologias para estudo de usuários de informação científica e tecnológica. Revista de Biblioteconomia de Brasília, Brasília, DF, v. 10, n. 2, p. 5-19, jul./dez. 1982.

CHOO, Chun Wei. Como ficamos sabendo _ um modelo de uso da informação. In: ______A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. 2. ed. São Paulo: Senac, 2006. cap. 2,p. 63-120.

FERREIRA, Sueli Mara Soares Pinto. Novos paradigmas e novos usuários de informação. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 25, n. 2, 1995.

Morris, Ruth. Rumo a um serviço de informação centrado no usuário (Toward a user-centered information service).  Journal of the American Society for Information Science, v.45, n. 1, p. 11-30, 1994. 

sábado, 14 de abril de 2012

Mídias Sociais na sala de aula: por que não utilizá-las?



Você certamente se lembra dos tempos de colegial (ou Ensino Médio, dependendo da sua idade): era comum ver vários alunos em sono profundo durante aulas como Química, Física ou Matemática. Há, hoje, quem culpe o atual método de ensino por essas ocorrências, acusando-o de enfadonho e desinteressante, que falha em prender a atenção de um público volátil, caracterizado pelo dinamismo.

Hoje, a chamada "Geração Z" tem como maior característica o fato de estar online o tempo todo. Essa turma nasceu em uma realidade globalizada e convive com informações em escala mundial desde o berço. Pensando nessa mudança, alguns especialistas e acadêmicos decidiram que chegou a hora de uma "nova aula" para capacitar esses "novos alunos".

Coordenador pedagógico e professor de Química da Oficina do Estudante (Campinas/SP), Anderson Dino é um desses acadêmicos que acham que o padrão atual, com alunos em silêncio e o professor ministrando o curso à frente de um quadro negro, precisa ser retrabalhado. Para ele, não é interessante que se mude tudo, mas adaptações bem grandes já viraram necessidade: "a lousa ainda é importante: como você vai ensinar Matemática sem ela?", diz o professor.

"A 'geração Z' é o que chamamos de 'nativos digitais', ou seja, já nascem tendo à mão smartphones, tablets e pacotes de dados e 3G pagos pelos pais", explica Dino. "É diferente da minha geração, por exemplo, que cresceu com apenas um televisor instalado na sala de jantar". Dino ainda diz que, pelo fato da geração "mandante" ser aquela mais antiga, certas regras foram passadas pelo ponto de vista deles: "existe uma lei estadual, por exemplo, que proíbe o uso de celular em sala de aula - o professor pode tomar o aparelho e devolver só quando terminar a aula. Isso conflita com os interesses da geração atual, que prefere se manter conectada o tempo todo com o que lhe interessa. Entretanto, mesmo essas pessoas mais antiquadas adotam a tecnologia quando enxergam a interatividade que ela pode promover entre eles e seus alunos".

Os argumentos de Anderson Dino são similares aos de outra acadêmica: Patricia Lopes da Fonte, autora do livro "Projetos Pedagógicos Dinâmicos: A Paixão de Educar e o Desafio em Inovar" (Editora WAK), diz que os alunos atuais anseiam pelo aprendizado que desafie seu conhecimento através de softwares e também pela web: "A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta se o professor a faz em um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos".

Mas, efetivamente, quais recursos da web estariam disponíveis para um uso mais pedagógico? Dino não se acanha em mostrar seus próprios métodos na Oficina do Estudante: "Nós, por exemplo, fazemos vídeo-aulas via Youtube, publicando o conteúdo do dia na rede de vídeos. Também praticamos conversas pertinentes via Twitterpáginas oficiais no Facebook - até aqueleLOLCat do gatinho na mesa de química nós usamos [Nota do Autor: o entrevistado se refere ao "Chemistry Cat", cujas piadas giram em torno de elementos químicos da tabela periódica.



Fonte também cita um exemplo que já vem sendo adotado por algumas instituições, que é a criação de um blog ou página da turma escolar. Por sua característica interativa, o blog pode produzir uma resposta quase imediata ao conteúdo publicado. Quando os alunos produzem um texto para publicar no blog, eles interagem com outros autores, pesquisam sobre o tema e passam a conhecer diversos escritores e ilustradores. Assim sendo, o interesse por obras literárias cresce, retomando e reinterpretando conceitos e práticas", explica.


Ambos enxergam a proibição ao uso da tecnologia social na sala de aula como uma tentativa de dissociar o ensino pedagógico da realidade do aluno. Os especialistas argumentam que, devido à onipresença da tecnologia na vida cotidiana, é inviável tentar proibir algo que é tão comum à rotina. Sobre isso, Fonte diz: "A tecnologia faz parte da vida atual e já não sabemos viver sem ela. Temos a responsabilidade de educar no sentido pleno da palavra, ou seja, transformar o aluno em cidadão ativo, participativo na sociedade. Como fazer isso ao limitar e restringir"?

Já Dino condena a atual prática de aversão à tecnologia: "As pessoas só enxergam o lado ruim da tecnologia. Há quem diga que o uso de smartphones, por exemplo, é distração e atrapalha a atenção do aluno. Na verdade, basta apenas que você saiba usar a tecnologia em seu favor". Para ele, o modelo de ensino utilizado hoje é muito "industrial": o professor é visto como o chefe "linha-dura" de uma empresa. Isso conflita com a mentalidade dos alunos atuais, que estão habituados à pesquisa de ferramentas próprias na busca de conhecimento. "Hoje, os alunos descobriram que o professor não é mais o único transmissor do aprendizado", diz.



Entretanto, existe uma questão estrutural: nem toda escola dispõe de acesso à internet, e aquelas que têm esse benefício costumam disponibilizá-lo em laboratórios fechados. Para o uso de redes sociais em aula, talvez seja necessária uma revisão de recursos - como wi-fi dentro das salas. Dino acredita que a tecnologia será barateada ao ser empregada para essa finalidade conforme os anos passam. O professor vai ainda mais longe, confiando num futuro onde todas as escolas poderão disponibilizar tablets para seus alunos.

Fonte já procura um método alternativo para tentar empregar essa reformulação pedagógica o mais brevemente possível: "Acho que o mais interessante é o trabalho se estender nas casas dos alunos, assim a lição de casa pode ser mais significativa e interessante. Nas escolas com poucos recursos existem outras possibilidades de inovação e o trabalho em grupos de estudo e pesquisa deve ser valorizado".

Mas e quanto à dispersão dos alunos? Como prender a atenção deles dentro de um ambiente tentador e impedir que o jovem, por exemplo, deixe a aula de lado e comece a ver clipes no Youtube? Dino já emprega um método simples para isso: "acho que o ideal é começarmos com vídeos pequenos, de alguns segundos. O maior problema dessa geração é seu imediatismo: esses alunos não são leitores, então é necessário um incentivo à interação voluntária - fazer com que eles queiram saber mais. Mas isso deve ser gradual -  não dá para forçar tudo de uma vez".

Sobre as questões de segurança - talvez o ponto mais importante para o bem-estar dos alunos -, ambos salientam certas políticas: na Oficina do Estudante, onde Dino leciona, por exemplo, não há a prática de emprego das mídias sociais em turmas do Ensino Fundamental: "Não acho bom expor a criançada a isso tão cedo - é preciso discernimento por parte do aluno também, para que exista um bom uso dos novos métodos de ensino. O Facebook, por exemplo, só cria contas para maiores de 13 anos, então eu não incentivaria o uso de perfis falsos apenas pelo mérito de educar".

E você, o que acha do método atual de ensino? É necessária essa mudança que os entrevistados tentam empregar? Acha que seu filho aprenderia mais se a visão da tecnologia perante professores mudasse para algo mais favorável? Conte-nos nos comentários abaixo!



Por Rafael Arbulu em Olhar Digital