As abordagens alternativas e/ou estudos de
usuários qualitativos que estão em voga atualmente são considerados o novo
paradigma da Ciência da Informação. Este tipo de abordagem tem como foco
principal o usuário da informação. Sobre as pesquisas qualitativas Cunha (1982,
p. 17) comenta que: “estudos relacionados com o comportamento dos usuários de
informação científica e tecnológica têm sido realizados com frequência cada vez
maior nos últimos trinta anos”.
Autores como Brenda
Dervin, Carol Kuhlthau, Robert Taylor e Choo discorrem em suas publicações
sobre o aspecto subjetivo deste tipo de estudo e o comportamento do emprego da
informação. Eles são muito citados na literatura de Ciência da Informação e
estão sempre presentes nas publicações que falam sobre o novo paradigma da
informação. No início da década de 1980 até os dias de hoje, comenta-se na
temática de estudos de usuários sobre como os bibliotecários devem mudar a
visão da sua profissão. Os conceitos sobre acesso à informação, sistemas de
informação ainda são importantes, entretanto o que se percebe é que o tema
sobre usuários da informação está tendo maior repercussão.
Bibliotecários e
profissionais da área de Comunicação e Psicologia fazem parte de um grupo de
pessoas que realizam pesquisas para: identificar os usuários dos sistemas de informação
e conhecer suas necessidades e reações na busca da informação. No artigo
intitulado Novos paradigmas e novos
usuários de informação de Sueli Ferreira (1995), a autora fala da mudança
da área de atuação do profissional da informação quando diz que: “[...] a ciência
da informação [...] vem caminhando do paradigma do acervo para o paradigma da informação”.
Logo, percebe-se que a linha de pesquisa sobre estudos de usuários está refletindo
sobre esta nova abordagem.
Choo apresenta em seu livro três vertentes da
pesquisa sobre necessidades e usos da informação e seus respectivos autores.
Brenda Dervin e sua criação de significado, Carol Kuhlthau e as reações
emocionais no processo de busca da informação e por final Robert Taylor e as
dimensões situacionais do ambiente em que a informação é usada. Choo (2006,
p.85) argumenta que: “cada perspectiva lança sua própria luz sobre as escolhas
e ações nos principais estágios do comportamento do emprego da informação:
necessidade; busca e uso da informação”.
Conforme
Araújo (2009), a metodologia sense-making desenvolvida por Dervin é encontrada
em:
Estudos sobre
as necessidades, interesses e usos dos meios de comunicação, informação,
sistemas de comunicação e mensagens de usuários, patrocinadores, público,
pacientes, clientes e cidadãos. Essa abordagem considera a informação como
sendo uma construção do sujeito, a partir de suas experiências sociais,
culturais, políticas e econômicas. Nesse sentido, a informação é subjetiva e só
se torna significativa no contexto no qual está inserida. (ARAÚJO, 2009, p.
60).
A metodologia
sense-making elaborada por Dervin tem por finalidade estudar o comportamento
informacional dos usuários, ou seja, compreender como os usuários atribuem
sentido ao estado em que se encontram e como buscam a informação para sanar
suas necessidades.
Dervin explica
que o sense-making promove uma forma de pensar sobre a diversidade,
complexidade e a incompletude, utilizando a metáfora de um ser humano
atravessando pelo tempo e espaço caminhando com uma instrução parcial,
encontrando lacunas, construindo pontes, avaliando achados e se movendo.
(BAPTISTA; CUNHA, 2007, p. 175)
É importante destacar que a expressão sense-making é
utilizada pela autora (DERVIN, 1983) em dois sentidos. Sense-making refere-se
ao objeto de estudo, ao processo empírico por meio do qual os usuários de
informação atribuem sentido às situações em que se encontram (às lacunas
cognitivas, às necessidades de informação sentidas, ao engajamento no processo
de busca da informação) e, também, às informações que encontram; que utilizam e
das quais se apropriam. Mas sense-making também se refere à forma
de estudar o comportamento informacional dos usuários, isto é, ao tipo de
metodologia preparada para analisar os processos pelos quais os usuários
atribuem sentido às situações em que se encontram e às informações que
utilizam. Essa metodologia relaciona-se diretamente com o estabelecimento de
categorias ou tipos ideais de situações, de parada de situação, de busca de
informação e de uso da informação no contexto das descontinuidades do real
encontradas pelos usuários no contexto de suas vivências e atuações.
A metodologia sense-making é
amplamente utilizada no Brasil, principalmente na área de Ciência da Informação
em estudos sobre as necessidades, interesses e usos dos meios de comunicação,
informação, sistemas de comunicação e mensagens de usuários, patrocinadores,
público, pacientes, clientes e cidadãos. Essa abordagem considera a informação
como sendo uma construção do sujeito, a partir de suas experiências sociais,
culturais, políticas e econômicas. Nesse sentido, a informação é subjetiva e só
se torna significativa no contexto no qual está inserida.
O modelo de DERVIN é construído sobre o trinômio:
Situação-Lacuna-Uso
- · A situação é o contexto tempo-espaço. O momento e a forma que surge a necessidade de certa informação.
- · As lacunas são as paradas ou barreiras ao movimento que devem ser ultrapassadas por pontes cognitivas, ou questões que as pessoas têm (necessidades de informação) quando constroem sentido e se movem através do tempo e do espaço.
- · O uso é o emprego dado ao conhecimento recém-adquirido, traduzido, na maioria dos estudos, como a informação útil.
Figura 1
- Arte original da Metáfora Sense-Making da Dra. Dervins.
Podemos dizer que as pontes cognitivas são
construídas através de organizadores prévios que são propostos como um recurso
instrucional potencialmente facilitador da aprendizagem significativa, no
sentido de servirem de pontes entre novos conhecimentos e aqueles já existentes
na estrutura cognitiva do usuário. É muito difícil definir se um determinado
material é ou não um organizador prévio, pois isso depende sempre da natureza do
material de aprendizagem, do nível de desenvolvimento cognitivo do aprendiz e
do seu grau de familiaridade prévia com a tarefa de aprendizagem. Neste momento
o profissional da informação se torna essencial para fomentar e recuperar estes
materiais de acordo com o perfil do usuário. Digamos que o papel do
bibliotecário nesta “construção” é fornecer o cimento para que o “construtor”
usuário adicione os blocos de conhecimento adquiridos através de ideias,
pensamentos, memórias e intuições estabelecidas pelo mesmo.
O modelo do Sense-making reconhece que a busca de
informação envolve um processo cognitivo interno, compreendendo não só aspectos
intelectuais, mas emocionais (atitudes, reações em face do meio social). Ele vê
a informação como subjetiva, situacional, holística e cognitiva: em resumo,
construtivista. O usuário, por sua vez, é visto não como um receptor passivo de
informações, mas como um centro ativo (MORRIS 1994).
Referências
ARAÚJO, Carlos
Alberto Ávila; PEREIRA, Giselle Alves; FERNANDES, Janaína Rozário. A
contribuição de B. Dervin para a Ciência da Informação no Brasil. Encontros
Bibli:Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação,
Florianópolis, v. 14, n.28, p. 57-72, 2009.
BAPTISTA,
Sofia Galvão; CUNHA, Murilo Bastos da. Estudo de usuários: visão global dos métodos
de coleta de dados. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.
12,n. 2, p. 168-184, maio/ago. 2007.
CUNHA, Murilo
Bastos da. Metodologias para estudo de usuários de informação científica e tecnológica.
Revista de Biblioteconomia de Brasília, Brasília, DF, v. 10, n. 2, p.
5-19, jul./dez. 1982.
CHOO, Chun
Wei. Como ficamos sabendo _ um modelo de uso da informação. In: ______A organização
do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado,
construir conhecimento e tomar decisões. 2. ed. São Paulo: Senac, 2006. cap.
2,p. 63-120.
FERREIRA,
Sueli Mara Soares Pinto. Novos paradigmas e novos usuários de informação. Ciência
da Informação, Brasília, DF, v. 25, n. 2, 1995.
Morris, Ruth.
Rumo a um serviço de informação centrado no usuário
(Toward a user-centered information service).
Journal of the American Society for Information Science, v.45, n. 1, p. 11-30,
1994.
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