quinta-feira, 12 de abril de 2012

Literacia na Sociedade da Informação.



“ (…) um indivíduo com competências de informação deve ser capaz de reconhecer quando a informação é necessária, e ter as capacidades para a localizar, avaliar e usar eficazmente" -  American Library Association, 1989 

Entende-se por literacia como sendo a capacidade de cada indivíduo compreender e usar a informação escrita, contida em vários materiais impressos, de modo a desenvolver seus próprios conhecimentos. A sua definição vai além da simples compreensão dos textos, para incluir um conjunto de capacidade de processamento de informações, que poderão ser usadas na vida pessoal de cada indivíduo. 

literacia não é estática, pois a compreensão das pessoas sofrem mudanças, para mais ou para menos.

O olhar multidisciplinar que algumas temáticas possuem também está presente na discussão sobre literacia, tendo em vista que os próprios sinônimos dados tem forte relação com outras áreas do conhecimento. Um exemplo disso e que o próprio termo competência informacional, tem um peso muito forte para nós bibliotecários assim como letramento, alfabetização, entre outros termos tem forte relação com áreas como pedagogia e letras.

Na verdade fazendo um pequeno parêntese para dar um passeio pelo campo semântico da palavra que ainda não caiu no uso comum, palavra ainda pouco conhecida e talvez ainda mal entendida ou ainda não plenamente conhecida pela maioria das pessoas, porque é palavra que entrou na nossa língua a pouco tempo.Hoje as definições ainda se confundem a exemplo o uso do termo letramento para identificar esse fenômeno, na verdade a palavra letramento e uma tradução para o português da palavra inglesa literacy. Os dicionários traduzem assim:

literacy: the condition of being literate.

littera+cy  onde littera: palavra latina igual a letra  -cy:sufixo, indica qualidade,condição,estado.

Traduzindo a definição acima, literacy é a “condição de ser letrado” –dando a palavra
“letrado” sentido diferente daquela que vem tendo em português . Em inglês o sentido de literate é:

literate: educated; especially able to read and write (educado,que tem habilidade de ler e escrever).

O papel das bibliotecas no desenvolvimento da literacia da informação é fundamental, pois elas são intervenientes decisivos neste processo devido ao fato de possuírem recursos de informação variados e em quantidade, sistemas de gestão de informação e pessoal especializado.
Nas últimas décadas, as Bibliotecas assistem a profundas transformações decorrentes da evolução das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e da emergência das designadas Sociedades de Informação e do Conhecimento. Nesta perspectiva e adotando um conceito de biblioteca em mudança, um dos principais desafios que se impõe é o de converter a biblioteca, entre outras vertentes, num serviço onde os seus utilizadores podem adquirir um conjunto de competências que os tornem mais autônomos na pesquisa, seleção e organização da informação. Numa sociedade onde se privilegia o acesso público, gratuito e equitativo à informação, é agora também lançado um novo desafio às bibliotecas: o de apoiar os utilizadores na conversão em conhecimento, ou seja, em informação útil, prática e aplicável, toda a informação a que têm acesso, cada vez mais, através do desenvolvimento de tecnologias, designadamente a Internet.
O apoio aos utilizadores das bibliotecas para desenvolvimento de competências no sentido de melhor explorarem os recursos nelas disponíveis é preocupação tarefa já antiga das bibliotecas e dos bibliotecários de muitas partes do mundo. Contudo, as transformações sociais e tecnológicas ocorridas nas últimas décadas (sociedade da informação), e novas teorias educacionais, incluindo a generalização da ideia da aprendizagem ao longo da vida, vieram dar uma nova dimensão a estas funções tradicionais das bibliotecas.
Se a aprendizagem ao longo da vida compreende um processo pessoal ou organizacional inerente à mudança impulsionada por práticas no conhecimento, competências e atitudes, indo desde o ensino pré-escolar até à pós-reforma, abrangendo também qualquer tipo de educação (formal, informal ou não formal), então cabe também, às bibliotecas públicas e os respectivos profissionais de informação, assumir um papel relevante nesta área.
O aumento exponencial da informação disponível e das potencialidades dos mecanismos para o seu armazenamento e recuperação tornou clara a necessidade de alargar o conceito tradicional de formação de utilizadores, incluindo agora outras competências. Este alargamento origina por sua vez complexidade acrescida do trabalho das bibliotecas e dos seus profissionais, pois a questão da literacia da informação situa-se na intersecção de dois campos profissionais: o educacional e o da informação.
Falar de literacia implica:
  1. O perfil de literacia de uma população não é algo que possa ser considerado constante, ou seja, que possa ser extrapolado a partir de uma medida temporalmente localizada;
  2. O perfil de literacia de uma população não é algo que possa ser deduzido a partir, simplesmente, dos níveis de escolaridade formal atingidos;
  3. A literacia não pode ser encarada como algo que se obtém num determinado momento e que é válido para todo o sempre;
  4. A literacia não é algo estático, isto é, as competências das pessoas sofrem evolução (positiva ou negativa) das capacidades individuais;
  5. Os níveis de literacia têm de ser vistos no quadro dos níveis de exigência das sociedades num determinado momento e, nessa medida, avaliadas as capacidades de uso para o desempenho de funções sociais diversificadas;
  6. A literacia consiste num conjunto de competências que se vão aperfeiçoando ao longo do tempo e através da experiência adquirida em pesquisa, seleção e avaliação da informação.

Atualmente, não basta saber ler ou escrever. É fundamental que as pessoas sejam capazes de obter e compreender a informação em diferentes suportes, bem como perceber ideias novas para usá-las quando necessárias.


  • ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação e documentação. Trabalhos Acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
  • CALIXTO, José António. Literacia da informação: um desafio para as bibliotecas. In: HOMENAGEM ao Professor Doutor José Marques. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2003, p. 39-48.
  • PINTO, Maria da Graça Castro. Da literacia ou de uma narrativa sempre imperfeita de outra identidade pessoal. Revista Portuguesa de Educação, Braga, v.15, n. 2, p. 95-123, jul. 2002.
  • SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2002.
  • TRINDADE, Maria de Nazaret. Literacia: teoria e prática: orientações metodológicas. São Paulo: Cortez, 2002. 167p.
  • http://literaciadainformacao.web.simplesnet.pt/Home.htm

Nenhum comentário: