“ (…) um indivíduo com competências de informação deve ser capaz de reconhecer quando a informação é necessária, e ter as capacidades para a localizar, avaliar e usar eficazmente" - American Library Association, 1989 |
Entende-se por literacia como sendo a capacidade de cada indivíduo
compreender e usar a informação escrita, contida em vários materiais
impressos, de modo a desenvolver seus próprios conhecimentos. A sua
definição vai além da simples compreensão dos textos, para incluir um
conjunto de capacidade de processamento de informações, que poderão ser
usadas na vida pessoal de cada indivíduo.
A literacia não é estática, pois a compreensão das
pessoas sofrem
mudanças, para mais ou para menos.
O olhar multidisciplinar que algumas temáticas possuem também está
presente na discussão sobre literacia, tendo em vista que os próprios sinônimos
dados tem forte relação com outras áreas do conhecimento. Um exemplo disso e
que o próprio termo competência informacional, tem um peso muito forte para nós
bibliotecários assim como letramento, alfabetização, entre outros termos tem forte
relação com áreas como pedagogia e letras.
Na verdade fazendo um pequeno parêntese para dar um passeio pelo campo
semântico da palavra que ainda não caiu no uso comum, palavra ainda pouco
conhecida e talvez ainda mal entendida ou ainda não plenamente conhecida pela
maioria das pessoas, porque é palavra que entrou na nossa língua a pouco
tempo.Hoje as definições ainda se confundem a exemplo o uso do termo letramento
para identificar esse fenômeno, na verdade a palavra letramento e uma tradução
para o português da palavra inglesa literacy. Os dicionários traduzem assim:
literacy: the condition of being literate.
littera+cy onde littera: palavra latina
igual a letra -cy:sufixo, indica
qualidade,condição,estado.
Traduzindo a definição acima, literacy é a “condição de ser letrado”
–dando a palavra
“letrado” sentido diferente daquela que vem tendo em português . Em
inglês o sentido de literate é:
literate: educated; especially able to read and write (educado,que tem
habilidade de ler e escrever).
O
papel das bibliotecas no desenvolvimento da literacia da informação é
fundamental, pois elas são intervenientes decisivos neste processo devido ao fato
de possuírem recursos de informação variados e em quantidade, sistemas de
gestão de informação e pessoal especializado.
Nas
últimas décadas, as Bibliotecas assistem a profundas transformações decorrentes
da evolução das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e da emergência
das designadas Sociedades de Informação e do Conhecimento. Nesta perspectiva e
adotando um conceito de biblioteca em mudança, um dos principais desafios que
se impõe é o de converter a biblioteca, entre outras vertentes, num serviço
onde os seus utilizadores podem adquirir um conjunto de competências que os
tornem mais autônomos na pesquisa, seleção e organização da informação. Numa
sociedade onde se privilegia o acesso público, gratuito e equitativo à
informação, é agora também lançado um novo desafio às bibliotecas: o de apoiar
os utilizadores na conversão em conhecimento, ou seja, em informação útil,
prática e aplicável, toda a informação a que têm acesso, cada vez mais, através
do desenvolvimento de tecnologias, designadamente a Internet.
O
apoio aos utilizadores das bibliotecas para desenvolvimento de competências no
sentido de melhor explorarem os recursos nelas disponíveis é preocupação tarefa
já antiga das bibliotecas e dos bibliotecários de muitas partes do mundo. Contudo,
as transformações sociais e tecnológicas ocorridas nas últimas décadas
(sociedade da informação), e novas teorias educacionais, incluindo a generalização
da ideia da aprendizagem ao longo da vida, vieram dar uma nova dimensão a estas
funções tradicionais das bibliotecas.
Se
a aprendizagem ao longo da vida compreende um processo pessoal ou
organizacional inerente à mudança impulsionada por práticas no conhecimento,
competências e atitudes, indo desde o ensino pré-escolar até à pós-reforma,
abrangendo também qualquer tipo de educação (formal, informal ou não formal),
então cabe também, às bibliotecas públicas e os respectivos profissionais de
informação, assumir um papel relevante nesta área.
O
aumento exponencial da informação disponível e das potencialidades dos
mecanismos para o seu armazenamento e recuperação tornou clara a necessidade de
alargar o conceito tradicional de formação de utilizadores, incluindo agora
outras competências. Este alargamento origina por sua vez complexidade
acrescida do trabalho das bibliotecas e dos seus profissionais, pois a questão da
literacia da informação situa-se na intersecção de dois campos profissionais: o
educacional e o da informação.
Falar
de literacia implica:
- O perfil de literacia de uma população não é algo que possa ser
considerado constante, ou seja, que possa ser extrapolado a partir de uma
medida temporalmente localizada;
- O perfil de literacia de uma população não é algo que possa ser
deduzido a partir, simplesmente, dos níveis de escolaridade formal
atingidos;
- A literacia não pode ser encarada como algo que se obtém num
determinado momento e que é válido para todo o sempre;
- A literacia não é algo estático, isto é, as competências das
pessoas sofrem evolução (positiva ou negativa) das capacidades
individuais;
- Os níveis de literacia têm de ser vistos no quadro dos níveis de
exigência das sociedades num determinado momento e, nessa medida,
avaliadas as capacidades de uso para o desempenho de funções sociais
diversificadas;
- A literacia consiste num conjunto de competências que se vão aperfeiçoando
ao longo do tempo e através da experiência adquirida em pesquisa, seleção
e avaliação da informação.
Atualmente, não basta saber ler ou escrever. É
fundamental que as pessoas sejam capazes de obter e compreender a informação em
diferentes suportes, bem como perceber ideias novas para usá-las quando
necessárias.
- ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação
e documentação. Trabalhos Acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro:
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- CALIXTO,
José António. Literacia da informação: um desafio para as bibliotecas. In:
HOMENAGEM ao Professor Doutor José Marques. Porto: Faculdade de Letras da
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Maria da Graça Castro. Da literacia ou de uma narrativa sempre imperfeita
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- SEVERINO,
Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. e ampl.
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- TRINDADE,
Maria de Nazaret. Literacia: teoria e prática: orientações metodológicas.
São Paulo: Cortez, 2002. 167p.
- http://literaciadainformacao.web.simplesnet.pt/Home.htm
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