segunda-feira, 9 de março de 2009

Meu caro Amigo ...



Ontem fui assistir a uma peça com dois amigos muito queridos. Fui sem saber qual era a peça, a única coisa que sabia é que era nos Correios. Chegando lá me surpreendi novamente com o prédio e com a beleza da sua arquitetura. Compramos quase os últimos ingressos e comecei a sentir que a peça seria boa, tirando o teatro que tem uma pilastra no meio do palco. Perguntei se era um musical, eles responderam que sim e que era com músicas de Chico Buarque. Fiquei receoso pois não conheço quase nada dele. Bem mas coisa ruim não podia ser só se o texto fosse uma lástima, coisa que não era. Logo de início senti o cenário como algo muito familiar, um quarto bagunçado e cama desarrumada! Hehehe...

Norma, a personagem, se apresenta e sinto uma empatia logo de cara com a atriz, que a princípio se apresentou tão verossimilmente que cheguei a acreditar que era a Norma, professora de História que iria contar nossa história. Logo percebi que não, mas a verdade era um aspecto único e que não oscilava, a todo o momento tinha que me lembrar que Norma era uma personagem, mesmo que tivesse minhas dúvidas disso...

Fui sendo envolvido por uma estória da qual não presenciei épocas em que não vivi, mas que de certa forma fui viajando junto com os relatos de nossa imensa atriz. Com uma voz linda, límpida e encantadora Kelzy Ecard; recente vencedora do Prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) de Melhor Atriz Coadjuvante por seu trabalho em “Rasga Coração”; consegue te dragar para dentro da vida de Norma, com todos os seus conflitos desavenças e idolatrias... Sentia-me cada vez mais um integrante das “Chiquetes”... Vai entender.

De mera melodia conhecida, as musicas passaram a ser minha trilha sonora por todos aqueles 90 minutos prazerosos do bate-papo com Norma, porque a impressão era essa, que o diálogo era direto e sem espectadores.

Fiquei extasiado ao final da peça com um nó na garganta que quase não segurei o choro. Foi uma das mais lindas declarações de amor que vi em minha vida. Realmente linda e tocante.

Fui buscar as criticas da peça e achei uma horrorosa crítica de Barbara Eleodora, que aparentemente não assistiu a mesma peça que eu . Acho que a critica não consegue mais entender qual o diferencial de um texto bom e um texto "frágil e desigual", temos que recebê-lo sem preconceitos, sem compararmos com essa onda de "musicais" que ora são bons e ora são ruins. A peça consegue mexer com o público de uma forma única e muito sutil. E quem diz que a narrativa fica pesada quando se relata a parte histórica, com certeza não sentiu aperto no coração no final da peça, onde Norma faz aquela linda homenagem ao seu Pai. Sinto pela nossa crítica que se tornou impermeável ao prazer de assistir uma peça e se ata ao simples fato de criticar.

Recomendo esta peça sim, e recomendo muito. Pois como eu, muitos não se emocionam com a forma copiada de fazer espetáculo, mas com certeza você será seduzido por uma voz límpida e clara e pelos belos olhos azuis de Chico Buarque.


Serviço

Meu Caro Amigo"a história de uma fã embalada pelas canções de Chico Buarqueestréia 13 de janeiro, até 5 de abrilTeatro do Centro Cultural Correios Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro / RJ (ao lado do CCBB- RIO)R$15,00 e R$7,50 (meia entrada)