sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O Instagram e o espelho.

Instagram é uma rede social online de compartilhamento de foto e vídeo que permite aos seus usuários tirar fotos e vídeos, aplicar filtros digitais e compartilhá-los em uma variedade de serviços de redes sociais, como Facebook, Twitter, Tumblr e Flickr.

"Selfie", ou em bom e claro português "auto retrato", pode ser a palavra do ano, mas para certas pessoas isso pode levar a uma situação de risco, tirar selfies compulsivamente pode ser uma prática perigosa.

Parece que algumas pessoas simplesmente não conseguem parar de girar a câmera em sua direção para logo postar essa foto no instagram. Parece simples, mas agora os psicólogos dizem que tirar selfies demais pode se transformar em um vício para pessoas já afetadas por certos distúrbios psicológicos.

"Este é um problema grave. Não é uma questão de vaidade. É uma questão de saúde mental. E gera um distúrbio que tem uma elevadíssima taxa de suicídio. " dizem os psicólogos.

O vício de Selfie pode não ser tão surpreendente, pois a dependência de mídias sociais (MS), como o Facebook, tem sido bastante repercutida. Os pesquisadores ainda desenvolveram uma escala psicológica com base em seis critérios básicos para medir o risco para vício em MS. O estudo que desenvolveu a escala supracitada descobriu também aspectos comuns entre os sintomas do vício a MS e o uso de drogas e álcool. Todos os itens da escala são analisados pela escala Likert.

Pesquisadores da Universidade de Michigan em Ann Arbor concluiram em 2013 que os adultos de meia-idade e universitários tendem a um grau mais elevado para certos traços narcisistas com mais posts e grande frequência em sites de MS, como Instagram, Facebook e Twitter.

Com a tecnologia cada vez mais moderna e acessível, o vício pode realmente ser muito grave. Será que esse tipo de coisa pode acontecer com qualquer um? Ou ao postar uma selfie você só quer construir seu "eu" perante a visão do outro?

Recomendo a leitura de dois textos, pequenos, mas valiosos:

"O espelho" de Machado de Assis

E em

"O espelho" de Guimarães Rosa.

Em "O espelho" de M.A., a personagem principal toma as rédeas da narração e explica, valendo-se do exemplo de um episódio de sua própria vida, sua ambiciosa teoria a respeito das "duas almas". O pragmatismo autoritário da narração serve, entretanto, para comprovar uma perspectiva monista: a "alma exterior" termina absorvendo a "alma interior", de modo que a identidade do sujeito depende totalmente do "olhar que vem de fora". Assim, nós seríamos identificáveis apenas por meio daquilo que exteriorizamos. Através desta perspectiva funcionalista, a alma funde a si mesma com o status do indivíduo, e a interioridade do sujeito se expressa tão somente por meio de uma vaga acidez crítica, na qual se ancora a frágil consciência irônica.

Já em " O Espelho" de G.R., o conto não tem interesse em demostrar quem é a personagem com a finalidade de evidenciar que o homem retratado no conto é simplesmente um homem qualquer que acaba tendo uma crise de identidade, e por mais árduo que o homem procurasse sua identidade ele nunca achava. Toda essa destruição da individualidade confirma a ideia de Alberto Caeiro, de que precisamos ir além de qualquer aparência para chegar no nada e esse nada é a real identidade.

Vimos anteriormente que a construção desta identidade se dá através do olhar do outro. Para M.A., todo ser humano contem 2 almas, “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” (ASSIS, 1994, p.26), e imagine VC qual é a mais fácil de lidar?

Por razões obvias, o homem sempre irá se voltar a olhar a alma exterior pois é a mais fácil, mais feliz e não tem que se deparar com questões importantes da vida. Construir sua imagem através do olhar do outro é mais confortável.

Mas mais fácil mesmo é postar uma foto no insta, aguardar uns minutos e sucumbir a construção de sua alma. Like a like.

Mas para não perder a viagem... @lsferraz
#Trocolikes #sdv #likenastresultimas