quinta-feira, 8 de julho de 2010

"Asas do desejo", de Wim Wenders - Uma análise biblioteconômica.

"Asas do desejo", do diretor Wim Wenders (1987), cuja tradução literal do alemão seria "O céu sobre Berlim" (Der Himmel über Berlin), é um filme ora monocromático, ora colorido. Um filme polifônico, polilíngue. Múltiplas histórias se desenrolam. "Asas do desejo" é um filme sobre tudo, se o desejar. Pode ser um filme sobre anjos sobrevoando Berlim. Sobre um anjo que "cai". Um romance inesperado. Sobre conceitos acerca da biblioteca e o bibliotecário. Um filme sobre o inefável. Uma fábula.
O filme se desenvolve, boa parte, no interior da Biblioteca Estatal de Berlim (Staatsbibliothek zu Berlin) e arredores. As cenas na biblioteca caracterizam-se pela ausência de diálogos, pelo ritmo lento e mini-monólogos mentais.
A câmera narra, ora através do olhar dos anjos Cassiel ou Damiel, ora pelo olhar de um terceiro. Passeamos entre leitores, estantes e mesas enfileiradas, percebe-se assim toda a estrutura da Biblioteca Estatal de Berlim. Com eles, aos poucos, conforme caminham, vemos outros anjos na Biblioteca. Sabe-se que são anjos porque se cumprimentam com leves sorrisos e com movimentos de cabeça, já que os humanos não os vêem. Anjos-bibliotecários que guardam os leitores e auxiliam os estudantes. Talvez, mas de fato não se sabe o que eles fazem ali, mas demonstram gostar daquele ambiente, sentem-se à vontade na biblioteca.
Ouvem-se murmúrios, sussurros. Vozes mentais dos leitores que, num crescente, formam uma Babel. Porque neste ponto deferem-se dos humanos, que quando vão a uma biblioteca há um silêncio entrecortado por burburinhos aleatórios. Para os anjos de Wenders, a biblioteca é um dos lugares mais barulhentos, pois podem ouvir os pensamentos dos usuários. Todos estes aspectos dão a sensação de um ambiente onírico.
De repente, um velho sobe pelas escadas. É Homero, um contador de histórias. É dele a única voz interna que se pode distinguir e que se destaca dos murmúrios. Homero é o único a quem podemos ouvir. Cansado, ofegante, lamenta não ter mais a quem contar histórias: "Com o tempo, aqueles que ouviam a mim, tornaram-se meus leitores. Não sentam mais em círculo, mas a sós. E um não sabe nada do outro. Sou um velho de voz fraca, mas o conto ainda surge do fundo."
Paradoxalmente, o lugar da memória, a biblioteca, é antagonista de Homero. Ele não tem mais quem ouça suas histórias. As pessoas as lêem nos livros, solitariamente. A biblioteca de "Asas do desejo" é o lugar da humanização (dos anjos) e da cultura. Lugar onde a memória não apenas está guardada, mas de onde ela se desprende para circular entre os leitores. Lugar que abriga a palavra e que acolhe e torna possível a narrativa.
Traçando um paralelo, de tudo discorrido até este momento no filme, com a biblioteconomia, podemos nos questionar se a visão do mundo, lê-se, sociedade, sobre a biblioteconomia não é a de um mundo monocromático, de que o bibliotecário é um ser totalmente servil, que ouve e retém todas as solicitações, lamurias e dúvidas sem interagir, e somente se manifesta quando é necessário, assim como os anjos que só tocam os humanos mais angustiados. Não só pela sociedade, mas por muitos bibliotecários também é.
Será que a função do bibliotecário é andar sem ser percebido pelos leitores, assim como os anjos de Wenders?
Assim como Damiel, nós bibliotecários precisamos nos apaixonar e nos jogar no mundo biblioteconômico de tal forma que nosso mundo passe de monocromático a multicolorido, com cores vibrantes e explosivas, para que nossa paixão e entusiasmo sejam irradiados a todos que nos cerca. E que estas cores se espalhem pela nossa biblioteca com o intuito de que o conto que ainda surge do fundo, assim como em Homero, possa eclodir e transformar meros solitários em apaixonados também.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mais um passo!


Rio - A Polícia Militar vai pagar pensão a ex-companheiro homossexual de policial que morreu. A corporação anunciou que, caso a união estável seja comprovada, vai conceder o benefício normalmente. Na última sexta-feira, uma advogada solicitou à PM o direito de pensão para o cliente, que vivia em união estável com um capelão militar. Os nomes não foram divulgados pela instituição.


Relações públicas da PM, o tenente coronel Lima Castro afirma que não há preconceito na corporação. “O procedimento é normal com qualquer caso, tanto de casal hetero quanto homossexual. A PM não tem nenhum problema com relação a isso. Se ficar provada a união estável, haverá pensão”, garante Lima Castro.

Nos últimos anos, os homossexuais têm garantido, às vezes sem necessidade de intervenção da Justiça, o direito a pensões por morte dos companheiros. Eurivaldo Bezerra, advogado especialista em Direito Previdenciário, vê menos dificuldades atualmente.
“A discussão hoje já não está tão complexa. Ainda é difícil, mas algumas barreiras já caíram. A dificuldade maior é comprovar a própria união estável”, explica o advogado. Ele acrescenta que, quando a relação é comprovada, a Justiça obriga a instituição a conceder a pensão.

LEGISLAÇÃO FAVORECE

Júlio Moreira, coordenador técnico do Grupo gay Arco Íris, mostra-se animado com a decisão da PM. “É uma tendência positiva. No caso da PM, que ainda tem muita resistência, é interessante. Isso abre uma gama de discussão e é um avanço na questão até mesmo dos direitos humanos”, comemora. Júlio destaca ainda a existência de leis que favorecem as decisões favoráveis ao gays.

Na Guarda Municipal do Rio, por se tratarem de servidores municipais, agentes têm pensões pagas pelo Previ-Rio. A instituição informa que o pagamento é feito independentemente da orientação sexual do segurado, de acordo com a Lei Municipal 3.344/01.

Casais devem registrar relação em cartório

Para garantir o direito à pensão após a morte de parceiro, o principal fator é comprovar a união estável. Eurivaldo Bezerra, advogado especialista em Direito Previdenciário, orienta sobre o que é necessário. “Tem que apresentar algum documento, como cartão de crédito, contrato de locação, conta bancária. Tudo conjunto”. Com isso é possível provar quantos anos o casal viveu junto.

Júlio Moreira, do Grupo Arco-Íris, aconselha o casal a registrar a união em cartório e reconhecer, inclusive, o patrimônio constituído e como seria dividido, em caso de morte de um dos dois. Isso, segundo Moreira, serve como prova até se necessário recorrer à Justiça.

fonte: internet

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Galvão Bueno em primeiro lugar nos assuntos do Twitter

Durante o show da abertura da Copa do Mundo na África do Sul nesta quinta-feira, o locutor Galvão Bueno alcançou o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados do Twitter em escala global. Será que é tanta gente amando o Galvão? Não. A responsável pelo sucesso é justamente a expressão "cala boca galvão".

E o sucesso só tende a crescer dramaaaaaaaaaaaaticamente. Frente às dúvidas dos usuários estrangeiros do Twitter, que perguntavam "quem é Cala Boca Galvao", parte dos tuiteiros brasileiros prolongou a piada com bom humor, afirmando que se tratava de uma canção inédita da Lady Gaga. Até aí, nada de muito interessante.

Mas a brincadeira está ganhando versões mais elaboradas. Uma resposta falsa para os gringos afirmava que "cala boca" significaria "salve / salvem", e que "galvão" seria uma espécie de ave em risco de extinção. Portanto, cada "cala boca galvão" enviado pelo Twitter valeria US$ 0,10 para a Galvao Bird's Foundation. Já tem até cartaz e a campanha está correndo o mundo.

Não se tem notícias de quantas aves já foram salvas graças ao locutor brasileiro.

Tudo leva a crer que o sucesso meteórico de Galvão está apenas começando.

domingo, 13 de junho de 2010

'Na forma da lei': Maurício Mattar vive delegado gay no seriado


O delegado Pontes, personagem de Maurício Mattar em “Na forma da lei”, até engana, mas é bem diferente dos mocinhos que o ator já interpretou na TV. Ninguém desconfia, mas o policial do seriado, que estreia dia 15 na Globo, é homossexual e tem uma intensa vida noturna.
— Pontes é um homem rústico, viril, vaidoso, que sai do armário à noite e frequenta boate gay — conta o ator, que entra em cena a partir do quinto episódio: — Ele tem um flerte com o Serginho (Michel Waisman) durante um tempo. E, mais para a frente, vai investir em um rapaz. Acaba sendo prejudicado por isso.
Acostumado a ocupar o posto de galã, o ator conta que não tem medo de sofrer rejeição do público.
— Se estranharem, vou achar maravilhoso. Se fosse assim, todo mundo ficaria muito triste quando o Rodrigo Santoro viveu um travesti em “Carandiru” — opina: — O importante é que vejam que é um trabalho bem elaborado. Essa é a grande delícia de ser ator.
Mattar explica que Pontes mostra o lado ruim da polícia: corrupto, ele acoberta falcatruas de acordo com quem paga mais.
— Ele faz jogo sujo. Mas esse é o quadro normal, né? É só ligar o noticiário que você vê o Pontes — diz.
Para compor o visual do delegado, Mattar deixou o cabelo grisalho e adotou um cavanhaque, a pedido do diretor Wolf Maya.
— Ficou uma coisa meio Johnny Depp, gostei do resultado. A tatuagem no pescoço também deixa o visual mais agressivo — diz o ator, acrescentando que fará uma homenagem ao personagem Kojak, protagonista de uma série americana dos anos 70: — Ele usava sempre um pirulito na boca. Também vou usar. Achei que seria mais um elemento interessante para o personagem.
Além do seriado, o ator se prepara para gravar um CD e um DVD em julho ou agosto, mantendo seu conhecido estilo romântico.
— O romantismo está sempre em mim — afirma ele, casado com a bailarina Keiry Costa há dois anos e meio.

Pontes não está sozinho: o delegado Sávio (Thiago Reis) reforça o time de policiais gays no seriado. Casado e pai de uma menina, o jovem descobre sua homossexualidade ao se apaixonar pelo repórter Ademir (Samuel de Assis). Polêmica à vista?
— Quero mais é que tenha polêmica! — vibra Thiago, em seu primeiro papel de destaque na TV: — Só fico um pouco apreensivo com uma repercussão negativa entre os policiais. Mas gays existem em todos os lugares.
Irmão do ator Cássio Reis, o paulistano de 28 anos conta que o envolvimento entre o delegado e o jornalista começa aos poucos:
— Sávio conhece Ademir no IML e eles viram parceiros, começam a sair, como amigos, no início. A paixão não é assumida, mas todo mundo desconfia.
Apesar de trabalharem juntos em alguns casos, Ademir não se aproveita do relacionamento para conseguir informações privilegiadas. O repórter é um dos cinco protagonistas, um grupo de amigos que tenta fazer o serial killer Maurício (Márcio Garcia) pagar por seus crimes na trama.
— Ele sabe separar as coisas — conta o sergipano Samuel, também de 28 anos: — Ademir é bem resolvido com a sexualidade dele. Mas tem um passado sofrido, por ser gay e negro, e junta tudo isso nesse sentimento de justiça. Meu personagem está determinado a colocar esse assassino na cadeia.
Encarando seu trabalho mais importante na televisão, Samuel não tem medo de ficar estigmatizado pelo papel.
— Isso nem passou pela minha cabeça — afirma.

Por Sessão Extra

domingo, 30 de maio de 2010

“Rio” é a nova animação em 3D dos mesmos criadores da franquia “A Era do Gelo”. Situado na magnífica cidade do Rio de Janeiro e nas exuberantes florestas do Brasil, a aventura conta a história de Blu, uma arara rara que pensa ser o último de sua espécie. Quando descobre que há outro espécime de sua raça vivo — e que ele, na verdade, é ela — Blu deixa o conforto de sua gaiola e a calma da pequena cidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e vai parar no Rio de Janeiro.

Mas, este encontro inesperado entre o nerd Blu e a independente Jewel está longe de se tornar amor à primeira. Juntos, eles vão embarcar numa grande aventura, onde aprendem sobre amizade, amor, coragem e sobre estar aberto às muitas maravilhas da vida. “Rio” reúne uma fauna de personagens vibrantes, uma história comovente, lindas paisagens e o melhor da música latina contemporânea.

A produção ficou a cargo de Chris Jenkins e Bruce Anderson e o elenco de dubladores conta com nomes como Anne Hathaway, Rodrigo Santoro e Neil Patrick Harris.

“Rio” tem lançamento previsto para 8 de abril de 2011.

Veja aqui o Trailer:

http://www.vidoemo.com/yvideo.php?i=cVBxd2xncWuRpcU9feDA

Twitter - Sera patológico?

Por: Jonathan Lamim Antunes

Criado em março de 2006, o Twitter é um serviço de microblogging utilizando mais de 6 milhões de pessoas no mundo inteiro. A possibilidade de postar pequenos textos através de SMS, e-mail, aplicativos e extensões para navegadores de internet com limite de 140 caracteres no máximo o tornou um dos serviços mais utilizados no mundo.

A interação simultânea entre os usuários e seus seguidores faz com que as notícias e informações circulem pela rede de forma rápida e objetiva, já que não é possível inserir textos longos.

Ninguém acreditava no Twitter, achavam que ele não daria em nada e que seria mais um sistema de interacao entre usuários que ficaria perdido pelo caminho. Mas para engano de muitos, ele vem superando todas as expectativas ao longo de sua curta existência. Hoje ele já é o sistema de microblogging mais utilizado em alguns países, superando orkut, facebook entre outros sistemas de microblogging e redes sociais.

O twitter é utilizado pelos usuários como um diário, onde eles contam tudo o que estão fazendo e o que acontece em cada instante do seu dia. É utilizado por alguns como forma de informar aos usuários sobre as notícias do momento, como se fosse um programa jornalístico.

Ultimamente as empresas resoveram usar o Twitter como mais uma mídia para campanhas publicitárias, onde divulgam produtos e promoções, e já existem casos de usuários recebendo de empresas para usarem os seus perfis para fazer propaganda, recebendo um bom pagamento por isso.

Depois de 3 anos no ar o twitter já possui diversas ferramentas que possibilitam um universo de novas ações, o que antes era apenas para publicar textos, agora póde ser usado para publicar fotos. Já existem programas para aumentar o número de seguidores do seu perfil com base nos seguidores de outro perfil, ver um gráfico de como está o fluxo de pessoas te seguindo, saber qual a posição do seu perfil no ranking do twitter, enfim, é possível fazer muita coisa com o twitter e os complementos desenvolvidos pelos usuários com conhecimento em programação.

Vamos ver abaixo algumas ferramentas que podem ser utilizadas no twitter.

http://tweetlater.com
Essa ferramenta é capaz de agendar tweets, auto-follows, multi contas, filtros de palavras e pessoas, DM’s para toda a gente com um só clique, feeds do blog, integração com ping.fm, etc.

http://itweet.net
Aplicação para usar o Twitter a partir do seu iPhone.

http://www.twitterfeed.com
Faz a verificação do feed do seu blog no intervalo especificado e vai postar quaisquer novos itens para o seu twitter.

http://www.twittermsn.com
Ferramenta que permite a atualização do seu twitter a partir de sua conta MSN.

http://www.twixxer.com
Com essa ferramenta é possível compartilhar foto e vídeo no Twitter.

http://www.tweetwheel.com
Ferramenta que possibilita descobrir quais dos seus amigos tem amigos em comum.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Banco Santander patrocina restauração dos Arcos da Lapa

O Santander patrocinará a restauração dos Arcos da Lapa, um dos mais importantes monumentos do acervo arquitetônico do Rio de Janeiro e patrimônio histórico do País, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Criado como um aqueduto no século XVIII, o monumento tem enormes arcadas duplas, atingindo 19 metros de altura e 270 metros de comprimento. Estende-se desde o morro de Santa Teresa, ao pé do convento das Carmelitas, até os remanescentes do morro de Santo Antônio.

A restauração envolverá a recuperação e a pintura da estrutura lateral e da caixa de passagem do bondinho de Santa Teresa, além do sistema de iluminação que contará com novos lampiões que seguirão o design original.

O investimento é de R$ 1,2 milhão (feito por meio de projeto inscrito no Pronac, com isenção fiscal via Lei Rouanet). A gestão do Projeto será realizada pelo CEP28 – Centro de Estudos e Pesquisas 28, organização da sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, fundada em 1967, proponente enquadrado na Lei Rouanet do Programa Nacional de Apoio à Cultura. As obras estão previstas para iniciarem em março e devem durar cerca de seis meses.

“Decidimos participar da restauração dos Arcos da Lapa pela sua importância histórica e por sua força simbólica no processo de renovação que o Rio de Janeiro vive. Além disso, o bairro representa a rica diversidade cultural carioca que, ao longo dos anos, tem sido geradora de inovação e transformação pelo seu caráter artístico e criativo”, afirma Fabio C. Barbosa, presidente do Santander.

Durante as obras, serão realizadas ações educativas e visitações ao canteiro, como forma de incluir e beneficiar a população neste projeto tão importante para a cidade.

“Realizaremos ações de integração como o Canteiro Aberto, com palestras audiovisuais sobre restauração patrimonial, a história da cidade tendo os Arcos da Lapa como protagonista, cidadania e respeito ao patrimônio público, com envolvimento de arquiteto, arqueólogo, historiador e sociólogo. Acreditamos que sem educação e cultura não há cidadania”, adianta Marcos Soares Pereira, diretor presidente do CEP28.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A geração tolerância

Os adolescentes e jovens brasileiros começam a vencer o arraigado preconceito contra os homossexuais, e nunca foi tão natural ser diferente quanto agora. É uma conquista da juventude que deveria servir de lição para muitos adultos

Reportagem completa - http://bit.ly/aRJPVB
Veja.com

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Apresentar boletim escolar com notas ruins, bater o carro novo da casa, arrumar inimizade com o vizinho já são situações difíceis de enfrentar diante do tribunal familiar, com aquela atemorizante combinação de intimidade com autoridade dos pais. Imagine parar ali diante deles e dizer a frase: "Eu sou gay". Não é fácil para quem fala, menos ainda para quem ouve. As mães se assustam, mas logo o amor materno supera o choque do novo. Os pais demoram mais a metabolizar a novidade. A orientação sexual ainda é e vai ser por muito tempo uma questão complexa e tensa no seio das famílias. Isso muda muito lentamente. O que mudou muito rapidamente, porém, foi a maneira como a homossexualidade é encarada por adolescentes e jovens no Brasil. Declarar-se gay em uma turma ou no colégio de uma grande cidade brasileira deixou de ser uma condenação ao banimento ou às gozações eternas. A rapaziada está imprimindo um alto grau de tolerância a suas relações, a um ponto em que nada é mais feio do que demonstrar preconceito contra pessoas de raças, religiões ou orientações sexuais diferentes das da maioria.

Esses meninos e meninas estão desfrutando uma convivência mais leve justamente em uma fase da vida de muitas incertezas, quando a aceitação pelos pares é decisiva para a saúde emocional e mental. Isso é um avanço notável. Por essa razão talvez, a idade em que um jovem acredita que definiu sua preferência sexual tem caído. Uma pesquisa feita pelas universidades estaduais do Rio de Janeiro (Uerj) e de Campinas (Unicamp) tem os números: aos 18 anos, 95% dos jovens já se declararam gays. A maior parte, aos 16. Na geração exatamente anterior, a revelação pública da homossexua-lidade ocorria em torno dos 21 anos, de acordo com a maior compilação de estudos já feita sobre o assunto. À frente do levantamento, o psicólogo americano Ritch Savin-Williams, autor do livro The New Gay Teenager (O Novo Adolescente Gay), resumiu a VEJA: "O peso de sair do armário já não existe para os jovens gays do Ocidente: tornou-se natural".

Os jovens que aparecem nas páginas desta reportagem, que em nenhum instante cogitaram esconder o nome ou o rosto, são o retrato de uma geração para a qual não faz mais sentido enfurnar-se em boates GLS (sigla para gays, lésbicas e simpatizantes) - muito menos juntar-se a organizações de defesa de uma causa que, na realidade, não veem mais como sua. Na última parada gay de São Paulo, a maior do mundo, a esmagadora maioria dos participantes até 18 anos diz estar ali apenas para "se divertir e paquerar" (na faixa dos 30 o objetivo número 1 é "militar"). A questão central é que eles simplesmente deixaram de se entender como um grupo. São, sim, gays, mas essa é apenas uma de suas inúmeras singularidades - e não aquela que os define no mundo, como antes. Explica o sociólogo Carlos Martins: "Os jovens nunca se viram às voltas com tantas identidades. Para eles, ficar reafirmando o rótulo gay não só perdeu a razão de ser como soa antiquado". Ícone desses meninos e meninas, a cantora americana Lady Gaga os fascina justamente por ser "difícil de definir o que ela é". São marcas de uma geração que, não há dúvida, é bem menos dada a estereótipos do que aquela que a precedeu. Diz, com a firmeza típica de seus pares, a estudante paulista Harumi Nakasone, 20 anos: "Nunca fiz o tipo masculino nem quis chocar ninguém com cenas de homossexualidade. Basta que esteja em paz e feliz com a minha opção". ,

A tolerância às diferenças, antes verificada apenas no ambiente de vanguardas e nas rodas intelectuais e artísticas, está se tornando uma regra - especialmente entre os escolarizados das grandes cidades brasileiras. Uma comparação entre duas pesquisas nacionais, distantes quase duas décadas no tempo, dá uma ideia do avanço quanto à aceitação dos homossexuais no país. Em 1993, uma aferição do Ibope cravou um número assustador: quase 60% dos brasileiros assumiam, sem rodeios, rejeitar os gays. Hoje, o mesmo porcentual declara achar a homossexualidade "natural", segundo um novo levantamento com 1 500 adolescentes de onze regiões metropolitanas, encabeçado pelo instituto TNS Research International. O mesmo estudo dá outras mostras de como a maior parte dos jovens brasileiros já se conduz pela tolerância em vários campos: 89% acham que homens e mulheres têm exatamente os mesmos direitos e em torno de 80% se casariam com alguém de outra raça ou religião. "À medida que as pessoas se educam e se informam, a tendência é que se tornem também mais intransigentes com o preconceito e encarem as questões à luz de uma visão menos dogmática", diz a psicóloga Lulli Milman, da Uerj. Foi o que já ocorreu em países de alto IDH, como Holanda, Bélgica e Dinamarca. Lá, isso se refletiu em avanços na legislação: casamentos gays e adoção de crianças por parte desses casais são aceitos há anos. No Brasil, onde não há leis nacionais como essas, a apreciação fica sujeita a cada tribunal.

A tolerância às diferenças, antes verificada apenas no ambiente de vanguardas e nas rodas intelectuais e artísticas, está se tornando uma regra - especialmente entre os escolarizados das grandes cidades brasileiras. Uma comparação entre duas pesquisas nacionais, distantes quase duas décadas no tempo, dá uma ideia do avanço quanto à aceitação dos homossexuais no país. Em 1993, uma aferição do Ibope cravou um número assustador: quase 60% dos brasileiros assumiam, sem rodeios, rejeitar os gays. Hoje, o mesmo porcentual declara achar a homossexualidade "natural", segundo um novo levantamento com 1 500 adolescentes de onze regiões metropolitanas, encabeçado pelo instituto TNS Research International. O mesmo estudo dá outras mostras de como a maior parte dos jovens brasileiros já se conduz pela tolerância em vários campos: 89% acham que homens e mulheres têm exatamente os mesmos direitos e em torno de 80% se casariam com alguém de outra raça ou religião. "À medida que as pessoas se educam e se informam, a tendência é que se tornem também mais intransigentes com o preconceito e encarem as questões à luz de uma visão menos dogmática", diz a psicóloga Lulli Milman, da Uerj. Foi o que já ocorreu em países de alto IDH, como Holanda, Bélgica e Dinamarca. Lá, isso se refletiu em avanços na legislação: casamentos gays e adoção de crianças por parte desses casais são aceitos há anos. No Brasil, onde não há leis nacionais como essas, a apreciação fica sujeita a cada tribunal.

A notícia de que um filho é homossexual continua a causar a dor da decepção a pais e mães (descrita pela maioria dos ouvidos por VEJA como "a pior de toda a vida"). Com pavor de uma reação violenta do pai, meninos e meninas preferem, em geral, contar primeiro à mãe. "Quando meu filho me disse que gostava de meninos, sabia que os velhos sonhos teriam de ser substituídos por algo que eu não tinha a menor ideia do que seria", relata a analista financeira paulista Suerda Reder, 41 anos. É com o tempo que a vida vai sendo reconstruída sob novas expectativas. Dois anos depois da revelação, o namorado de Victor, filho de Suerda, frequenta sua casa sem que isso seja motivo de constrangimento. Muitos pais já compreendem (com algumas idas e vindas) que, ao apoiar os filhos, estão lhes prestando ajuda decisiva. "Quando a própria mãe trata o fato com naturalidade, a tendência é que o preconceito em relação a ele diminua", diz a estilista gaúcha Ana Maria Konrath, 55 anos, em coro com uma nova geração de mães - também mais tolerantes. O que elas sabem por experiência a ciência em parte já investigou. Segundo um estudo americano, conduzido pela Universidade Estadual de São Francisco, jovens gays que convivem em harmonia com os pais raramente sofrem de depressão, doença comum entre vítimas de preconceito.

Um conjunto de fatores ajuda a explicar o fato de a atual geração gay ser mais livre de amarras - alguns de ordem sociológica, outros culturais. Um ponto básico se deve à sua aceitação por outros adolescentes. Para esses jovens, o conceito de tribo perdeu o valor, como chamou atenção o antropólogo americano Ted Polhemus, por meio de suas pesquisas. Ele apelidou essa geração de "supermercado de estilos" - ou só "sem rótulos". Nesse contexto, não há mais lugar para algo como o grupo em que apenas ingressam os gays ou os negros, algo que as escolas brasileiras já ecoam. Antes fonte de tormento para alunos homossexuais, alvo de piadas, quando não de surras e linchamentos, o colégio se tornou um desses lugares onde, de modo geral, impera a boa convivência com os gays. Um sinal disso é que a ocorrência de casos de bullying por esse motivo tem caído gradativamente. "É também mais comum que eles andem de mãos dadas no recreio, sem ser importunados, ou que se tornem líderes de turma", conta a pedagoga Rita de Cássia, da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro. Os próprios colégios reconhecem que, no passado, conduziam a questão à sombra de certo preconceito. "Se surgia um aluno gay, tratava-se imediatamente o assunto como um problema, e os pais eram logo chamados", lembra Vera Malato, orientadora no Colégio Bandeirantes, em São Paulo. "Hoje a postura é apenas dar orientação ao aluno se for preciso."

Para boa parte dos jovens gays de hoje, a vida subterrânea nunca fez sentido. Diz o produtor de moda carioca Victor Guedes, 19 anos: "Desde que ficou claro para mim que meu interesse era pelo sexo masculino, não pensei em esconder isso dos meus pais. Só esperei a hora certa para abrir o jogo, com todo o tato". É gritante o contraste com as gerações anteriores, às quais lança luz o livro Cuidado! Seu Príncipe Pode Ser uma Cinderela (a ser lançado pela editora Best Seller), das jornalistas Consuelo Dieguez e Ticiana Azevedo. O conjunto de depoimentos ali reunido revela o sofrimento diário enfrentado por políticos, diplomatas e figurões do mercado financeiro que nunca saíram do armário.

Ao longo da última década, a indústria do entretenimento tem refletido, de forma acentuada, as mudanças culturais em relação à sexualidade. Na televisão, nunca houve tantas séries retratando o universo gay. Entre as produções de maior sucesso, figuram o seriado americano Glee, que tem como um dos protagonistas um adolescente recém-assumido gay para o pai, e The L Word, sobre um grupo de lésbicas atraentes e chiques de Los Angeles. Nas novelas brasileiras, os homossexuais já não são mais tratados de maneira tão caricatural. "É possível exibir na TV a vida comum de casais gays sem que isso provoque a rejeição do público, como no passado. Hoje, esses personagens fazem o maior sucesso", analisa Manoel Carlos, autor da atual novela das 8, Viver a Vida. Isso não só ajuda a levantar o diálogo sobre a homossexualidade em casa como ainda minimiza a resistência a ela. O rol de celebridades que se assumem gays também cumpre, em certo grau, esse papel. O último a deixar o armário foi o cantor porto-riquenho Ricky Martin, autor do sucesso Livin’ la Vida Loca, que, aos 38 anos, declarou ser gay em tom profético: "Hoje aceito minha homossexualidade como um presente que a vida me deu".

A atual geração jamais espera tanto. A idade precoce com que os gays trazem à tona sua orientação sexual chama a atenção dos especialistas. Aos 16 anos, estão ainda na adolescência - uma fase de experimentação e dúvidas. Pondera a doutora em psicologia Ceres Araujo: "Esperar que essa escolha seja eterna para todos é uma simplificação. O que dá para afirmar é que esses jovens têm grande propensão de seguir se relacionando com pessoas do mesmo sexo". Para eles, a homossexualidade está longe de ter a conotação negativa de tantos outros períodos da história. Durante as trevas da Inquisição, arremessavam-se os gays à fogueira. Na Inglaterra do século XIX, eles eram considerados nada menos que criminosos. Em 1895, num dos mais famosos julgamentos de todos os tempos, o escritor irlandês Oscar Wilde, homossexual assumido, foi acusado de sodomia e comportamento indecente. Penou dois anos na prisão. Na Hollywood dos anos 50, o agente do galã Rock Hudson arranjou, às pressas, um casamento de fachada para o ator, com uma secretária. Às voltas com fofocas sobre sua homossexualidade, ele corria o risco de perder contratos. Só em 1985, aos 59 anos e vitimado pela aids, doença que o mataria naquele ano, Hudson se assumiu gay. Num cenário inteiramente diferente, os novos gays não precisam mais passar por esse tormento. Resume o estudante mineiro Hector Gutierrez, 17 anos - típico da geração tolerância: "O dia em que eu contei a verdade a todos foi o primeiro em que me senti realmente livre e feliz".

sábado, 13 de março de 2010

Vem aí: “FARME 40 GRAUS” - o primeiro seriado LGBT do Brasil:

Criado a partir da necessidade de um seriado que retrate o cotidiano gay no Brasil, “Farme 40°” é um projeto inédito e inovador produzido pelo núcleo audiovisual da companhia teatral Eu Mesmo & Cia. Carioca, sendo uma idéia original do diretor e roteirista Caesar Moura, que ainda produz a série ao lado do ator Gerônimo Granja.



A história gira em torno de quatro amigos homossexuais que convivem no bairro de Ipanema, entre o prédio comercial onde trabalham e a faixa de areia mais concorrida da praia: a Farme de Amoedo, onde a ferveção acontece. Tipos bem cariocas, os personagens representam questões do universo masculino gay, há a “pintosa”, o romântico, o conservador, o manipulador... Figuras que lidam de forma tão diferente com a vida, o amor e a sexualidade, e vivem juntos situações como a aceitação da homossexualidade, a busca pelo grande amor e o preconceito.



Misturando humor e drama, com direito ao tempero sexy que não poderia faltar, a produção promete muitos beijos, em contrapartida à ditadura da televisão aberta do país (com casos recentes de preconceito e censura à manifestações de carinho entre pessoas do mesmo sexo), mas sempre dentro de uma abordagem ética e não gratuita.



O seriado segue uma linha criativa diferente do percussor americano “Queer As Folk”, uma das maiores preocupações dos criadores do projeto foi inserir valores nacionais, retratar com fidelidade o brasileiro, mostrando nossa gíria, nossa forma de nos relacionarmos com temas como sexo, amor e família.



“Farme 40°” é um seriado gay, mas as questões que aborda são universais e ao invés de se restringir apenas ao público GLBT, se propõe a quebrar barreiras e integrar entre seus espectadores toda a população brasileira em sua diversidade sexual e social. Afinal, quem nunca sofreu preconceito, quem nunca buscou o amor, e quem não quer ser aceito pelo outro?


No momento o episódio-piloto do seriado está sendo gravado e após sua finalização, prevista para ocorrer ainda em Março, será oferecido para emissoras de TV a cabo, e dentro de uma iniciativa moderna o material poderá ser veiculado ainda em outros veículos de mídia como Internet e celulares.


Agora é esperar ansiosamente e torcer para que “Farme 40°” ganhe as telas brasileiras o mais rápido possível!



“Nem sempre faz sol na cidade mais quente do Brasil. Mas existe um lugar onde a temperatura nunca cai... “Farme 40°” – O Primeiro seriado LGBT do Brasil”

sexta-feira, 12 de março de 2010

Muuter.... Because we get tired of noisy twitters too.

New! You can mute Twitter users by keywords! We'll scan your timeline and mute everyone who uses those keywords.
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Don't you love it when everything is quiet and calm?

muuter will allow you to mute your friends on Twitter when they become too noisy for your taste.

If you do it manually and unfollow the -temporarily- loud twitterers, you risk forgetting to follow them back again.

Here's where muuter comes valiantly in your rescue: you define the twitter name and the time you want to mute 'em (or muute 'em?), we do the remembering part.

Please notice that the "mute" action is performed by temporarily unfollowing your contact. More info and definitions in the Help area.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

CANSADO

ESTOU CANSADO DA VIDA MONOTÓNA

DOS MESMOS ASSUNTOS E DAS MESMAS CIÊCIAS,

ESTOU CANSADO DE SER EXPLORADO.

NÃO QUERO SER MAIS UM OBJETO DE TRABALHO.