sábado, 28 de abril de 2012

Tecnologia, sim ela precisa de nós!



Por mais que a tecnologia venha dominando várias áreas de trabalho, algumas profissões convivem em total sintonia com as novidades que surgem a cada dia. É o caso de quem cursa Biblioteconomia ou Arquivologia. 


Longe de simplesmente organizar bibliotecas ou catalogar documentos, as duas profissões têm inúmeras atividades, ainda mais nesta era digital, onde se tornou necessário a criação e a implantação de bancos de dados.


Segundo o professor Paulo Estrela, diretor da Academia do Concurso, O mercado existe e vem ficando cada vez mais amplo, já que o volume de documentos vêm ficando cada vez maior, menos físico e mais eletrônico.


"A biblioteca sempre existirá, ainda que eletrônica, e as regras e técnicas deverão ser respeitadas" , lembra o educador.


De acordo com Estrela, bibliotecários e arquivistas continuarão existindo, e com um campo cada vez mais amplo. "Não vejo a possibilidade destas duas carreiras serem extintas. Estamos apenas mudando o meio e a forma, já que os arquivos são fundamentais. As gestões de biblioteca e de arquivo não deixarão de ser exercidas nas empresas, pelo contrario ficarão cada vez mais importante com o crescimento da organização. A mudança será da forma física para a digital", garante.


Na avaliação do especialista, a carreira pública vem atraindo profissionais dos dois setores, pelo volume de material que é produzido. Como exemplo, cita a Justiça. " O poder judiciário trabalha intensivamente com um grande numero de documentos exigindo facilidade e rapidez no manuseio. Isto só é feito por um profissional desta área", destaca.


Ana Lúcia Coelho, 35 anos, trabalha há mais de 12 anos como blibliotecária em uma grande instituição. " Na época do vestibular muita gente achou que eu estava escolhendo a profissão errada. Hoje, tenho certeza de ter feito a escolha certa e gosto do que faço", conta.

Fonte: O Dia

EL ATENEO GRAND SPLENDID

O majestoso teatro histórico é agora uma das livrarias mais belas do mundo


Com cada encenação desde a sua criação em 1919 - primeiro como um teatro de artes, depois como um cinema e agora uma livraria - o ATENEO GRAND SPLENDID provou-se condizente com seu título majestoso. Depois de ter mantido os seus tetos com afrescos originais, camarotes ornamentados, elegantes varandas arredondadas, guarnições detalhadas e cortinas de veludo vermelhas do palco, o interior do edifício continua a ser tão impressionante hoje como quando foi concebido pelos arquitetos Peró e Torres Armengol. 

Em seus dias de glória, o Teatro Grand Splendid hospedou lendas do tango como Carlos Gardel, Francisco Canaro, Roberto Firpo, e Ignacio Corsini. O proprietário do edifício, Max Glucksman, foi uma figura importante no mundo do tango como dono da gravadora influente Nacional-Odeon. Em 1929, o teatro passou por sua primeira transformação para se tornar um cinema, com a tarefa de ser o primeiro em Buenos Aires apto a mostrar filmes sonoros. O amor que Glucksman tinha pelo tango se transportou para o cinema novo, com orquestração de tango ao vivo que acompanhava as projeções de filmes silenciosos. O arquiteto Fernando Manzone supervisionou a conversão mais recente do edifício para El Ateneo livraria e loja de música, ao som de AR $ 3 milhões. Pouco antes da locação do prédio para o Grupo Ilhsa em 2000, o Splendid Grande estava sob ameaça de demolição devido a uma economia pobre e grande recessão no país.



Embora alguns lamentem a perda de um cinema amado, é agora graças ao IlhsaGrupo - que possui 40 livrarias, incluindo a nau capitânia Grand Splendid - que os visitantes ainda podem deleitar-se com um monumento maravilhoso de uma época passada. Enquanto a seleção de livros em oferta é padrão da cadeia de lojas e principalmente em espanhol, bibliófilos vão encontrar um conjunto incrivelmente opulento de livros a ser motivo suficiente para valer a visita a El Ateneo Grande Splendid. Para elouquecer totalmente no esplendor, pode-se também desfrutar de um café e música ao piano ao vivo no palco muito importante onde as estrelas argentinas de tango, um dia já fizeram suas apresentações.






Serviço: 
1860 Ave. Santa Fe, Buenos Aires,Argentina
Seg.-Qui.: 9:00 –22:00; Qui.-Sab.: 9:00 – 24:00; Dom.: 12:00 - 22:00.





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quarta-feira, 25 de abril de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore (2011)

Tenha cuidado com os "filtros-bolha" online.



"Quando confrontado com uma lista de resultados do Google, o usuário médio (inclusive eu e você até que eu leia este artigo) tende a assumir que a lista é exaustiva. Não sabendo que não é ... é equivalente a não ter uma escolha. Dependendo da qualidade dos resultados da pesquisa, pode-se dizer que eu estou sendo alimentados lixo - porque eu não sei que tenho outras opções que o Google filtrou ". Aubrey Pek, comentando sobre Kim Zetter de "Algoritmos junk food" 

É o que reafirma Eli Pariser em sua palestra no TED. Sua trajetória começou logo após os ataques de 11 de setembro de 2001, Eli Pariser criou um site chamando a atenção para uma abordagem multilateral para combater o terrorismo. Nas semanas seguintes, mais de meio milhão de pessoas de 192 países assinaram seus posts, e Pariser inesperadamente tornou-se um organizador online de vez. Seu livro  The Filter Bubble  será lançado dia 12 de Maio deste ano. Neste livro, ele questiona como ferramentas modernas de pesquisa - o filtro através do qual muitos vêem o resto do mundo - estão ficando cada vez melhor e rastreando o resto do mundo a partir de nós, e trazendo como resultado apenas buscas onde os resultados são o que a maquina "pensa" que queremos ver.

Algumas citações da palestra de Eli Pariser:

"O Facebook estava observando em que links eu clicava , e foi percebendo que eu estava  clicando mais sobre os meus amigos liberais do que em meus amigos conservadores. E sem me consultar sobre isso, os retirou de minha visualização. Simplesmente eles desapareceram. "

"Em uma "broadcast society" haviam esses porteiros, os editores, e eles controlavam os fluxos de informação. Veio a Internet e junto ela varreu os porteiros do caminho, e permitiu que todos nós tivéssemos acesso a tudo, e foi incrível. Mas isso não é realmente o que está acontecendo agora."

"A Internet está nos mostrando o que ela pensa que nós queremos ver, mas não necessariamente o que precisamos ver."

"Sua filtro-bolha. é o seu próprio universo pessoal e informacional que você vive online. O que está em seu   filtro-bolha  depende de quem você é, e isso depende do que você faz. Mas você não decidir o que ver - e o mais importante, você não vê o que é editado ".

Assista a palestra já com legendas em português.







terça-feira, 17 de abril de 2012

Sense-Making: o novo paradigma da área de Ciência da Informação.


As abordagens alternativas e/ou estudos de usuários qualitativos que estão em voga atualmente são considerados o novo paradigma da Ciência da Informação. Este tipo de abordagem tem como foco principal o usuário da informação. Sobre as pesquisas qualitativas Cunha (1982, p. 17) comenta que: “estudos relacionados com o comportamento dos usuários de informação científica e tecnológica têm sido realizados com frequência cada vez maior nos últimos trinta anos”.

Autores como Brenda Dervin, Carol Kuhlthau, Robert Taylor e Choo discorrem em suas publicações sobre o aspecto subjetivo deste tipo de estudo e o comportamento do emprego da informação. Eles são muito citados na literatura de Ciência da Informação e estão sempre presentes nas publicações que falam sobre o novo paradigma da informação. No início da década de 1980 até os dias de hoje, comenta-se na temática de estudos de usuários sobre como os bibliotecários devem mudar a visão da sua profissão. Os conceitos sobre acesso à informação, sistemas de informação ainda são importantes, entretanto o que se percebe é que o tema sobre usuários da informação está tendo maior repercussão.

Bibliotecários e profissionais da área de Comunicação e Psicologia fazem parte de um grupo de pessoas que realizam pesquisas para: identificar os usuários dos sistemas de informação e conhecer suas necessidades e reações na busca da informação. No artigo intitulado Novos paradigmas e novos usuários de informação de Sueli Ferreira (1995), a autora fala da mudança da área de atuação do profissional da informação quando diz que: “[...] a ciência da informação [...] vem caminhando do paradigma do acervo para o paradigma da informação”. Logo, percebe-se que a linha de pesquisa sobre estudos de usuários está refletindo sobre esta nova abordagem.

Choo apresenta em seu livro três vertentes da pesquisa sobre necessidades e usos da informação e seus respectivos autores. Brenda Dervin e sua criação de significado, Carol Kuhlthau e as reações emocionais no processo de busca da informação e por final Robert Taylor e as dimensões situacionais do ambiente em que a informação é usada. Choo (2006, p.85) argumenta que: “cada perspectiva lança sua própria luz sobre as escolhas e ações nos principais estágios do comportamento do emprego da informação: necessidade; busca e uso da informação”.

Conforme Araújo (2009), a metodologia sense-making desenvolvida por Dervin é encontrada em:

Estudos sobre as necessidades, interesses e usos dos meios de comunicação, informação, sistemas de comunicação e mensagens de usuários, patrocinadores, público, pacientes, clientes e cidadãos. Essa abordagem considera a informação como sendo uma construção do sujeito, a partir de suas experiências sociais, culturais, políticas e econômicas. Nesse sentido, a informação é subjetiva e só se torna significativa no contexto no qual está inserida. (ARAÚJO, 2009, p. 60).

A metodologia sense-making elaborada por Dervin tem por finalidade estudar o comportamento informacional dos usuários, ou seja, compreender como os usuários atribuem sentido ao estado em que se encontram e como buscam a informação para sanar suas necessidades.

Dervin explica que o sense-making promove uma forma de pensar sobre a diversidade, complexidade e a incompletude, utilizando a metáfora de um ser humano atravessando pelo tempo e espaço caminhando com uma instrução parcial, encontrando lacunas, construindo pontes, avaliando achados e se movendo. (BAPTISTA; CUNHA, 2007, p. 175)

É importante destacar que a expressão sense-making é utilizada pela autora (DERVIN, 1983) em dois sentidos. Sense-making refere-se ao objeto de estudo, ao processo empírico por meio do qual os usuários de informação atribuem sentido às situações em que se encontram (às lacunas cognitivas, às necessidades de informação sentidas, ao engajamento no processo de busca da informação) e, também, às informações que encontram; que utilizam e das quais se apropriam. Mas sense-making também se refere à forma de estudar o comportamento informacional dos usuários, isto é, ao tipo de metodologia preparada para analisar os processos pelos quais os usuários atribuem sentido às situações em que se encontram e às informações que utilizam. Essa metodologia relaciona-se diretamente com o estabelecimento de categorias ou tipos ideais de situações, de parada de situação, de busca de informação e de uso da informação no contexto das descontinuidades do real encontradas pelos usuários no contexto de suas vivências e atuações.

A metodologia sense-making é amplamente utilizada no Brasil, principalmente na área de Ciência da Informação em estudos sobre as necessidades, interesses e usos dos meios de comunicação, informação, sistemas de comunicação e mensagens de usuários, patrocinadores, público, pacientes, clientes e cidadãos. Essa abordagem considera a informação como sendo uma construção do sujeito, a partir de suas experiências sociais, culturais, políticas e econômicas. Nesse sentido, a informação é subjetiva e só se torna significativa no contexto no qual está inserida.

O modelo de DERVIN é construído sobre o trinômio:

Situação-Lacuna-Uso

  • ·         A situação é o contexto tempo-espaço. O momento e a forma que surge a necessidade de certa informação.
  • ·         As lacunas são as paradas ou barreiras ao movimento que devem ser ultrapassadas por pontes cognitivas, ou questões que as pessoas têm (necessidades de informação) quando constroem sentido e se movem através do tempo e do espaço.
  • ·         O uso é o emprego dado ao conhecimento recém-adquirido, traduzido, na maioria dos estudos, como a informação útil.



 Figura 1 - Arte original da Metáfora Sense-Making da Dra. Dervins.

Podemos dizer que as pontes cognitivas são construídas através de organizadores prévios que são propostos como um recurso instrucional potencialmente facilitador da aprendizagem significativa, no sentido de servirem de pontes entre novos conhecimentos e aqueles já existentes na estrutura cognitiva do usuário. É muito difícil definir se um determinado material é ou não um organizador prévio, pois isso depende sempre da natureza do material de aprendizagem, do nível de desenvolvimento cognitivo do aprendiz e do seu grau de familiaridade prévia com a tarefa de aprendizagem. Neste momento o profissional da informação se torna essencial para fomentar e recuperar estes materiais de acordo com o perfil do usuário. Digamos que o papel do bibliotecário nesta “construção” é fornecer o cimento para que o “construtor” usuário adicione os blocos de conhecimento adquiridos através de ideias, pensamentos, memórias e intuições estabelecidas pelo mesmo.

O modelo do Sense-making reconhece que a busca de informação envolve um processo cognitivo interno, compreendendo não só aspectos intelectuais, mas emocionais (atitudes, reações em face do meio social). Ele vê a informação como subjetiva, situacional, holística e cognitiva: em resumo, construtivista. O usuário, por sua vez, é visto não como um receptor passivo de informações, mas como um centro ativo (MORRIS 1994).






Referências


ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila; PEREIRA, Giselle Alves; FERNANDES, Janaína Rozário. A contribuição de B. Dervin para a Ciência da Informação no Brasil. Encontros Bibli:Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, v. 14, n.28, p. 57-72, 2009.

BAPTISTA, Sofia Galvão; CUNHA, Murilo Bastos da. Estudo de usuários: visão global dos métodos de coleta de dados. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12,n. 2, p. 168-184, maio/ago. 2007.

CUNHA, Murilo Bastos da. Metodologias para estudo de usuários de informação científica e tecnológica. Revista de Biblioteconomia de Brasília, Brasília, DF, v. 10, n. 2, p. 5-19, jul./dez. 1982.

CHOO, Chun Wei. Como ficamos sabendo _ um modelo de uso da informação. In: ______A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. 2. ed. São Paulo: Senac, 2006. cap. 2,p. 63-120.

FERREIRA, Sueli Mara Soares Pinto. Novos paradigmas e novos usuários de informação. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 25, n. 2, 1995.

Morris, Ruth. Rumo a um serviço de informação centrado no usuário (Toward a user-centered information service).  Journal of the American Society for Information Science, v.45, n. 1, p. 11-30, 1994. 

sábado, 14 de abril de 2012

Mídias Sociais na sala de aula: por que não utilizá-las?



Você certamente se lembra dos tempos de colegial (ou Ensino Médio, dependendo da sua idade): era comum ver vários alunos em sono profundo durante aulas como Química, Física ou Matemática. Há, hoje, quem culpe o atual método de ensino por essas ocorrências, acusando-o de enfadonho e desinteressante, que falha em prender a atenção de um público volátil, caracterizado pelo dinamismo.

Hoje, a chamada "Geração Z" tem como maior característica o fato de estar online o tempo todo. Essa turma nasceu em uma realidade globalizada e convive com informações em escala mundial desde o berço. Pensando nessa mudança, alguns especialistas e acadêmicos decidiram que chegou a hora de uma "nova aula" para capacitar esses "novos alunos".

Coordenador pedagógico e professor de Química da Oficina do Estudante (Campinas/SP), Anderson Dino é um desses acadêmicos que acham que o padrão atual, com alunos em silêncio e o professor ministrando o curso à frente de um quadro negro, precisa ser retrabalhado. Para ele, não é interessante que se mude tudo, mas adaptações bem grandes já viraram necessidade: "a lousa ainda é importante: como você vai ensinar Matemática sem ela?", diz o professor.

"A 'geração Z' é o que chamamos de 'nativos digitais', ou seja, já nascem tendo à mão smartphones, tablets e pacotes de dados e 3G pagos pelos pais", explica Dino. "É diferente da minha geração, por exemplo, que cresceu com apenas um televisor instalado na sala de jantar". Dino ainda diz que, pelo fato da geração "mandante" ser aquela mais antiga, certas regras foram passadas pelo ponto de vista deles: "existe uma lei estadual, por exemplo, que proíbe o uso de celular em sala de aula - o professor pode tomar o aparelho e devolver só quando terminar a aula. Isso conflita com os interesses da geração atual, que prefere se manter conectada o tempo todo com o que lhe interessa. Entretanto, mesmo essas pessoas mais antiquadas adotam a tecnologia quando enxergam a interatividade que ela pode promover entre eles e seus alunos".

Os argumentos de Anderson Dino são similares aos de outra acadêmica: Patricia Lopes da Fonte, autora do livro "Projetos Pedagógicos Dinâmicos: A Paixão de Educar e o Desafio em Inovar" (Editora WAK), diz que os alunos atuais anseiam pelo aprendizado que desafie seu conhecimento através de softwares e também pela web: "A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta se o professor a faz em um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos".

Mas, efetivamente, quais recursos da web estariam disponíveis para um uso mais pedagógico? Dino não se acanha em mostrar seus próprios métodos na Oficina do Estudante: "Nós, por exemplo, fazemos vídeo-aulas via Youtube, publicando o conteúdo do dia na rede de vídeos. Também praticamos conversas pertinentes via Twitterpáginas oficiais no Facebook - até aqueleLOLCat do gatinho na mesa de química nós usamos [Nota do Autor: o entrevistado se refere ao "Chemistry Cat", cujas piadas giram em torno de elementos químicos da tabela periódica.



Fonte também cita um exemplo que já vem sendo adotado por algumas instituições, que é a criação de um blog ou página da turma escolar. Por sua característica interativa, o blog pode produzir uma resposta quase imediata ao conteúdo publicado. Quando os alunos produzem um texto para publicar no blog, eles interagem com outros autores, pesquisam sobre o tema e passam a conhecer diversos escritores e ilustradores. Assim sendo, o interesse por obras literárias cresce, retomando e reinterpretando conceitos e práticas", explica.


Ambos enxergam a proibição ao uso da tecnologia social na sala de aula como uma tentativa de dissociar o ensino pedagógico da realidade do aluno. Os especialistas argumentam que, devido à onipresença da tecnologia na vida cotidiana, é inviável tentar proibir algo que é tão comum à rotina. Sobre isso, Fonte diz: "A tecnologia faz parte da vida atual e já não sabemos viver sem ela. Temos a responsabilidade de educar no sentido pleno da palavra, ou seja, transformar o aluno em cidadão ativo, participativo na sociedade. Como fazer isso ao limitar e restringir"?

Já Dino condena a atual prática de aversão à tecnologia: "As pessoas só enxergam o lado ruim da tecnologia. Há quem diga que o uso de smartphones, por exemplo, é distração e atrapalha a atenção do aluno. Na verdade, basta apenas que você saiba usar a tecnologia em seu favor". Para ele, o modelo de ensino utilizado hoje é muito "industrial": o professor é visto como o chefe "linha-dura" de uma empresa. Isso conflita com a mentalidade dos alunos atuais, que estão habituados à pesquisa de ferramentas próprias na busca de conhecimento. "Hoje, os alunos descobriram que o professor não é mais o único transmissor do aprendizado", diz.



Entretanto, existe uma questão estrutural: nem toda escola dispõe de acesso à internet, e aquelas que têm esse benefício costumam disponibilizá-lo em laboratórios fechados. Para o uso de redes sociais em aula, talvez seja necessária uma revisão de recursos - como wi-fi dentro das salas. Dino acredita que a tecnologia será barateada ao ser empregada para essa finalidade conforme os anos passam. O professor vai ainda mais longe, confiando num futuro onde todas as escolas poderão disponibilizar tablets para seus alunos.

Fonte já procura um método alternativo para tentar empregar essa reformulação pedagógica o mais brevemente possível: "Acho que o mais interessante é o trabalho se estender nas casas dos alunos, assim a lição de casa pode ser mais significativa e interessante. Nas escolas com poucos recursos existem outras possibilidades de inovação e o trabalho em grupos de estudo e pesquisa deve ser valorizado".

Mas e quanto à dispersão dos alunos? Como prender a atenção deles dentro de um ambiente tentador e impedir que o jovem, por exemplo, deixe a aula de lado e comece a ver clipes no Youtube? Dino já emprega um método simples para isso: "acho que o ideal é começarmos com vídeos pequenos, de alguns segundos. O maior problema dessa geração é seu imediatismo: esses alunos não são leitores, então é necessário um incentivo à interação voluntária - fazer com que eles queiram saber mais. Mas isso deve ser gradual -  não dá para forçar tudo de uma vez".

Sobre as questões de segurança - talvez o ponto mais importante para o bem-estar dos alunos -, ambos salientam certas políticas: na Oficina do Estudante, onde Dino leciona, por exemplo, não há a prática de emprego das mídias sociais em turmas do Ensino Fundamental: "Não acho bom expor a criançada a isso tão cedo - é preciso discernimento por parte do aluno também, para que exista um bom uso dos novos métodos de ensino. O Facebook, por exemplo, só cria contas para maiores de 13 anos, então eu não incentivaria o uso de perfis falsos apenas pelo mérito de educar".

E você, o que acha do método atual de ensino? É necessária essa mudança que os entrevistados tentam empregar? Acha que seu filho aprenderia mais se a visão da tecnologia perante professores mudasse para algo mais favorável? Conte-nos nos comentários abaixo!



Por Rafael Arbulu em Olhar Digital

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Literacia na Sociedade da Informação.



“ (…) um indivíduo com competências de informação deve ser capaz de reconhecer quando a informação é necessária, e ter as capacidades para a localizar, avaliar e usar eficazmente" -  American Library Association, 1989 

Entende-se por literacia como sendo a capacidade de cada indivíduo compreender e usar a informação escrita, contida em vários materiais impressos, de modo a desenvolver seus próprios conhecimentos. A sua definição vai além da simples compreensão dos textos, para incluir um conjunto de capacidade de processamento de informações, que poderão ser usadas na vida pessoal de cada indivíduo. 

literacia não é estática, pois a compreensão das pessoas sofrem mudanças, para mais ou para menos.

O olhar multidisciplinar que algumas temáticas possuem também está presente na discussão sobre literacia, tendo em vista que os próprios sinônimos dados tem forte relação com outras áreas do conhecimento. Um exemplo disso e que o próprio termo competência informacional, tem um peso muito forte para nós bibliotecários assim como letramento, alfabetização, entre outros termos tem forte relação com áreas como pedagogia e letras.

Na verdade fazendo um pequeno parêntese para dar um passeio pelo campo semântico da palavra que ainda não caiu no uso comum, palavra ainda pouco conhecida e talvez ainda mal entendida ou ainda não plenamente conhecida pela maioria das pessoas, porque é palavra que entrou na nossa língua a pouco tempo.Hoje as definições ainda se confundem a exemplo o uso do termo letramento para identificar esse fenômeno, na verdade a palavra letramento e uma tradução para o português da palavra inglesa literacy. Os dicionários traduzem assim:

literacy: the condition of being literate.

littera+cy  onde littera: palavra latina igual a letra  -cy:sufixo, indica qualidade,condição,estado.

Traduzindo a definição acima, literacy é a “condição de ser letrado” –dando a palavra
“letrado” sentido diferente daquela que vem tendo em português . Em inglês o sentido de literate é:

literate: educated; especially able to read and write (educado,que tem habilidade de ler e escrever).

O papel das bibliotecas no desenvolvimento da literacia da informação é fundamental, pois elas são intervenientes decisivos neste processo devido ao fato de possuírem recursos de informação variados e em quantidade, sistemas de gestão de informação e pessoal especializado.
Nas últimas décadas, as Bibliotecas assistem a profundas transformações decorrentes da evolução das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e da emergência das designadas Sociedades de Informação e do Conhecimento. Nesta perspectiva e adotando um conceito de biblioteca em mudança, um dos principais desafios que se impõe é o de converter a biblioteca, entre outras vertentes, num serviço onde os seus utilizadores podem adquirir um conjunto de competências que os tornem mais autônomos na pesquisa, seleção e organização da informação. Numa sociedade onde se privilegia o acesso público, gratuito e equitativo à informação, é agora também lançado um novo desafio às bibliotecas: o de apoiar os utilizadores na conversão em conhecimento, ou seja, em informação útil, prática e aplicável, toda a informação a que têm acesso, cada vez mais, através do desenvolvimento de tecnologias, designadamente a Internet.
O apoio aos utilizadores das bibliotecas para desenvolvimento de competências no sentido de melhor explorarem os recursos nelas disponíveis é preocupação tarefa já antiga das bibliotecas e dos bibliotecários de muitas partes do mundo. Contudo, as transformações sociais e tecnológicas ocorridas nas últimas décadas (sociedade da informação), e novas teorias educacionais, incluindo a generalização da ideia da aprendizagem ao longo da vida, vieram dar uma nova dimensão a estas funções tradicionais das bibliotecas.
Se a aprendizagem ao longo da vida compreende um processo pessoal ou organizacional inerente à mudança impulsionada por práticas no conhecimento, competências e atitudes, indo desde o ensino pré-escolar até à pós-reforma, abrangendo também qualquer tipo de educação (formal, informal ou não formal), então cabe também, às bibliotecas públicas e os respectivos profissionais de informação, assumir um papel relevante nesta área.
O aumento exponencial da informação disponível e das potencialidades dos mecanismos para o seu armazenamento e recuperação tornou clara a necessidade de alargar o conceito tradicional de formação de utilizadores, incluindo agora outras competências. Este alargamento origina por sua vez complexidade acrescida do trabalho das bibliotecas e dos seus profissionais, pois a questão da literacia da informação situa-se na intersecção de dois campos profissionais: o educacional e o da informação.
Falar de literacia implica:
  1. O perfil de literacia de uma população não é algo que possa ser considerado constante, ou seja, que possa ser extrapolado a partir de uma medida temporalmente localizada;
  2. O perfil de literacia de uma população não é algo que possa ser deduzido a partir, simplesmente, dos níveis de escolaridade formal atingidos;
  3. A literacia não pode ser encarada como algo que se obtém num determinado momento e que é válido para todo o sempre;
  4. A literacia não é algo estático, isto é, as competências das pessoas sofrem evolução (positiva ou negativa) das capacidades individuais;
  5. Os níveis de literacia têm de ser vistos no quadro dos níveis de exigência das sociedades num determinado momento e, nessa medida, avaliadas as capacidades de uso para o desempenho de funções sociais diversificadas;
  6. A literacia consiste num conjunto de competências que se vão aperfeiçoando ao longo do tempo e através da experiência adquirida em pesquisa, seleção e avaliação da informação.

Atualmente, não basta saber ler ou escrever. É fundamental que as pessoas sejam capazes de obter e compreender a informação em diferentes suportes, bem como perceber ideias novas para usá-las quando necessárias.


  • ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação e documentação. Trabalhos Acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
  • CALIXTO, José António. Literacia da informação: um desafio para as bibliotecas. In: HOMENAGEM ao Professor Doutor José Marques. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2003, p. 39-48.
  • PINTO, Maria da Graça Castro. Da literacia ou de uma narrativa sempre imperfeita de outra identidade pessoal. Revista Portuguesa de Educação, Braga, v.15, n. 2, p. 95-123, jul. 2002.
  • SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2002.
  • TRINDADE, Maria de Nazaret. Literacia: teoria e prática: orientações metodológicas. São Paulo: Cortez, 2002. 167p.
  • http://literaciadainformacao.web.simplesnet.pt/Home.htm

sábado, 7 de abril de 2012

★ ★ ★ ★ ★ Weekend (2011) - Andrew Haigh. UK

 

Depois de uma festa na casa de seus amigos héteros, Russell dirige-se para um bar gay. Pouco antes do horário de fechar, ele conhece Glen, mas o que era para ser apenas uma noite torna-se algo mais, algo especial. É um breve encontro que vai ressoar ao longo de suas vidas. Weekend é uma história de amor honesto e sem remorso entre dois caras e um filme sobre a luta universal para se ter uma vida autêntica em todas as suas formas. É sobre a busca pela identidade e a importância de fazer um compromisso apaixonado com sua vida. E mostra a realidade europeia de forma franca, muitas drogas...
Andrew Haigh, um escritor / diretor da escola de Mike Leigh onde o naturalismo é intenso, nos mostra a dinâmica intrincada de um relacionamento que por acaso é entre dois homens. A interação é mais importante que o sexo. Isto é - óbvio! - um filme gay, mas poderia facilmente ser um filme hétero.

Vale muito a pena ver!