terça-feira, 4 de setembro de 2007

Telespectadores Desesperados!!!


A RedeTV! estreou a série "Donas de Casa Desesperadas", a versão brasileira de "Desperates Housewives". O primeiro episódio, de 45 minutos, foi exibido sem intervalos comerciais. Apesar de caprichada, a série peca pela falta de clima brasileiro.

Produzida em parceria com a Disney, detentora dos direitos da versão original, "Desesperadas" saiu dos estúdios de Buenos Aires, onde foi gravada, com cara idêntica à da série americana --e provavelmente com a mesma cara das versões que serão produzidas para toda a América Latina.

O subúrbio de Wisteria Lane virou Arvoredo --que não pode nem sequer ser comparado a condomínios como Alphaville, na região de São Paulo, que têm casas bem mais protegidas do que as superexpostas casas com cerquinhas brancas dos subúrbios americanos.

O primeiro episódio começa com uma situação inusual nas grandes cidades brasileiras. Após o suicídio de Alice Monteiro (Sônia Braga), amigos e parentes velam seu corpo em casa. Apesar de as grandes refeições do velório americano terem sido eliminadas, pois seriam quase inconcebíveis para os nossos padrões, a adaptação teria sido muito mais bem-sucedida se o velório fosse gravado em um salão de velório de hospital ou cemitério.

Tudo isso seriam apenas detalhes, se a adaptação da série não errasse na premissa. A série é sobre donas-de-casa, mas as donas-de-casa brasileiras abastadas --e mesmo as não tão abastadas-- vivem com pelo menos uma empregada doméstica a tiracolo. E acabam tendo uma vida totalmente diferente daquela representada em "Donas de Casa Desesperadas".

Nenhuma quatrocentona brasileira, como pretende ser Elisa (Viétia Zangrandi), vai à cozinha preparar um jantar formal para o marido e para os filhos, como acontece no episódio de estréia. Ela, no máximo, define o cardápio. A verdadeira dona-de-casa brasileira, que vive sem uma doméstica, é mais bem representada pela Dona Nenê (Marieta Severo), de "A Grande Família", exibida há anos pela Globo.

É certo que a série não pretende ser uma representação fiel de costumes. É certo também que a RedeTV! não tinha poder para realizar alterações substanciais no programa, já que a Disney permitia apenas pequenos ajustes. Mas a questão que fica é: por que realizar este tipo de programa? Se o Brasil não tem tradição de adaptar programas de TV de ficção (salvo iniciativas do SBT), por que não investir em inovação ou algo que transforme a produção brasileira?

Deixando de lado estes questionamentos, é inegável, no entanto, que o programa funciona bem como entretenimento. A qualidade da imagem --bem superior à média da TV brasileira--, o texto, a cenografia e a trilha sonora são impecáveis. Veremos se isso será suficiente para atrair a audiência da TV aberta, que não se empolgou muito quando a versão original da série foi exibida na mesma RedeTV! Mas as crianças dubladas ninguem merece! Será que uma produção dessa nao tinha mais orçamento para contratar alguns atores a mais .... Que feio.

Abaixo você encontra uma amostra do primeiro capitulo de desesperadas para você poder tirar suas próprias conclusões.. ( não serão muito diferentes hehehe...)


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